Há encontros que começam como almoço e terminam como lembrete vivo do quanto até mesmo os pequenos gestos reverberam.
Recentemente, reencontrei uma mulher que havia sido minha mentorada, num almoço que terminou em revelação. Na época da mentoria, mergulhamos em conversas sobre escolhas profissionais, autoconfiança e aquelas barreiras invisíveis que tantos de nós carregamos — mesmo quando tudo parece ir bem.
Tempos depois, ela me contou que a transformação que viveu foi tão marcante que o companheiro dela percebeu. Ele, que atua em um ambiente majoritariamente técnico e masculino, foi tocado por aquela mudança e decidiu criar um espaço em sua organização para que mais mulheres pudessem refletir, compartilhar e se fortalecer. O resultado foi um encontro vibrante sobre trajetória, carreira, entre outros temas.
E ali estava ela — minha mentorada — sendo uma das vozes que inspiraram tantas outras.
Foi impossível não lembrar do antigo provérbio sobre as tamareiras:
“Quem planta tâmaras não colhe tâmaras.”
A tamareira — salvo quando se usam recursos tecnológicos — leva décadas para frutificar. Quem planta sabe que talvez nunca prove o próprio fruto, mas planta mesmo assim, porque entende que alguém, algum dia, vai colher.
Do mesmo modo, cada uma de nossas ações — uma palavra, um gesto — reverbera, para o bem ou para o mal, em vidas que sequer imaginamos tocar. O cuidado verdadeiro transborda, atravessa portas que não conhecemos, inspira conversas que não ouvimos e abre caminhos que não veremos.
Por isso, continuo acreditando e investindo em trocas profundas, na presença atenta e em escolhas que semeiam transformação. Toda ação nossa, por menor que pareça, muda o mundo.
Se é assim, vale escolher com consciência e, sempre que possível, escolher o bem. Porque estamos todos, de alguma forma, em obra constante — reformando em silêncio as estruturas internas que sustentam o mundo que queremos ver do lado de fora.
E o que a gente planta com verdade, alguém colhe com coragem. E o mundo muda, mesmo que em silêncio.
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