Você está caindo nessa armadilha dos CDBs (e nem percebe!)

Quem nunca viu um CDB pagando 115% ou até 120% do CDI e pensou: “Vou tirar meu dinheiro daqui e colocar nessa promoção”? Essa prática, comum entre investidores de renda fixa, pode parecer uma estratégia esperta para aumentar a rentabilidade, mas muitas vezes acaba sabotando seus resultados no longo prazo.

Neste artigo, explicamos por que ficar girando capital entre CDBs promocionais pode ser uma armadilha, e como montar uma estratégia mais eficiente para sua reserva de emergência ou objetivos de curto e médio prazo.

O que está por trás das promoções de CDB?

Os CDBs promocionais são uma estratégia que bancos e corretoras usam para atrair novos clientes. Eles geralmente têm prazos curtos, como 6 meses, e prometem rendimentos bem acima dos 100% do CDI. Porém, para aproveitar essas taxas, você precisa resgatar o investimento anterior, pagar imposto de renda (IR) sobre os ganhos e reinvestir — repetindo isso várias vezes.

O impacto do imposto de renda

O maior problema dessa estratégia está no IR. Cada vez que você resgata um CDB antes do prazo mínimo para a alíquota mais baixa (15%), você paga uma taxa mais alta, que pode chegar a 22,5% para aplicações inferiores a 6 meses. Na simulação que analisamos:

  • Investidor 1: resgatando e reaplicando a cada 6 meses em CDBs de 115% do CDI, terminou com R$ 1.879,59 após 5 anos.

  • Investidor 2: manteve o capital em um CDB de 100% do CDI por 5 anos e resgatou no final, pagando IR uma única vez, acumulando R$ 1.852,23.

A diferença? Apenas 1,48% a mais para o investidor que ficou “caçando” promoções, mesmo pagando mais impostos e tendo mais trabalho. Quando anualizada, essa diferença mal chegou a 0,29% ao ano.

E mesmo que o investidor encontrasse CDBs a 120% do CDI, a diferença ao longo de 5 anos não passaria de 3,79%, ou 0,75% ao ano — uma vantagem pequena para tanto esforço e risco tributário.

Quando faz sentido buscar taxas maiores?

Se você encontra um CDB de 115% ou 120% do CDI com vencimento longo, como 2 anos ou mais, e decide manter o dinheiro até o vencimento, aí sim a estratégia compensa: você paga IR uma única vez, na alíquota mais baixa, e maximiza os ganhos.

No entanto, usar esse tipo de título para a reserva de emergência é um erro, já que ela deve ter liquidez imediata e segurança. Para a reserva, um CDB que renda pelo menos 100% do CDI, com liquidez diária e de boa instituição, já cumpre bem a função.

Dicas para investir melhor em CDBs

Não gire sua reserva de emergência

Esse dinheiro não foi feito para render muito, mas para estar disponível a qualquer momento. Escolha CDBs ou fundos de liquidez imediata, com baixo risco e rendimento mínimo aceitável.

Combine prazos e objetivos

Para objetivos de 1 a 3 anos, você pode usar CDBs com prazos mais longos e taxas melhores, desde que não precise do dinheiro antes. Só não coloque nesse tipo de título valores que você pode precisar antes do vencimento.

Avalie prefixado, pós-fixado e IPCA+

Quando o objetivo é médio prazo (mais de 2 anos), vale diversificar entre:

  • Pós-fixado: segue a Selic/CDI.

  • Prefixado: taxa fixa, interessante quando a Selic está alta.

  • IPCA+: protege contra a inflação com ganho real.

Como saber se uma taxa prefixada é boa?

No próprio site da B3 você encontra as taxas referenciais para cada prazo. Por exemplo, para um investimento de 2 anos (720 dias), o mercado pode precificar uma taxa média de 13,69% ao ano. Busque títulos que paguem acima disso, mas sempre verifique o risco do emissor — instituições menores geralmente oferecem taxas maiores para compensar o maior risco.

E as alternativas?

Existem também opções como a Caixinha Turbo do Nubank, que oferece 115% do CDI para valores até R$ 5.000, desde que você faça movimentações mensais. É interessante para pequenas quantias com alta liquidez, mas não vai mudar seu patrimônio de forma significativa.

Menos é mais

Trocar de CDB a cada nova promoção pode parecer vantajoso no curto prazo, mas a conta do IR no longo prazo acaba corroendo boa parte do ganho adicional. Em vez disso, alinhe seus investimentos aos seus objetivos, priorize liquidez para a reserva e escolha bons vencimentos para objetivos específicos.

Para títulos de médio e longo prazo, considere diversificar entre pós, pré e IPCA+, evitando travar grandes volumes em prefixados muito longos, pois as incertezas aumentam com o tempo.

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