
Reeducanda cria plataforma de estudos sem internet e é finalista do Prêmio LED
Uma plataforma educacional online criada por uma reeducanda do presídio feminino Júlia Maranhão, em João Pessoa, foi selecionada entre mais de 3 mil inscritos como uma das finalistas do Prêmio LED, iniciativa da Globo e da Fundação Roberto Marinho que reconhece e premia projetos inovadores na área da educação.
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A responsável pela criação, Marília Carvalho, está presa há cinco anos e começou a faculdade de Administração e Engenharia de Softwares através do Ensino a Distância (EAD), que pode ser cursado dentro do sistema prisional. Segundo ela, a ideia de desenvolver a plataforma ReeduTec surgiu como um meio de facilitar o acesso à educação para as reeducandas do presídio.
“[A ReeduTec] é uma plataforma offline que leva educação complementar e qualificação profissional para dentro das unidades prisionais com segurança. O aluno pode acessar conteúdos voltados à educação de base, ao Enem PPL, ao Encceja, a concursos também e cursos profissionalizantes. E até noção em empreendedorismo, com mentorias de empreendedores reais”, explica Marília.
Marília Carvalho, reeducanda do presídio feminino Júlia Maranhão, em João Pessoa
TV Cabo Branco/Reprodução
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De acordo com a diretora da unidade prisional, Cynthia Almeida, Marília foi a primeira reeducanda do processo de ressocialização a cursar o ensino superior EAD, em 2024. Agora, segundo os registros do primeiro semestre de 2025, o número soma o total de cinco mulheres fazendo curso superior.
“A expectativa é ampliar cada vez mais esse número de pessoas, tanto na educação do ensino superior, quanto na educação básica. Ela é a primeira das nossas alunas a cursar o ensino superior. Dentre os 3.348 inscritos no desafio LED em todo o Brasil, ela ficou entre os 20 finalistas, sendo ela a única pessoa privada de liberdade a participar do concurso”, disse a diretora.
Plataforma educativa criada por reeducanda para que pessoas dentro do sistema prisional possam estudar, em João Pessoa
TV Cabo Branco/Reprodução
“Meu sonho é que essa plataforma cumpra o papel dela, que é de fato reconstruir futuros. Que ela possa reconstruir os futuros daqueles que já estão descartados pela sociedade e que a educação faça isso através dessa plataforma, como já vem fazendo na minha vida”, contou Marília.
De acordo com um estudo realizado pelo Departamento Penitenciário Nacional, realizado com aproximadamente um milhão de pessoas privadas de liberdade, a falta de escolaridade é um dos principais fatores para o retorno ao crime.
De acordo com a professora de história Olga Veiga, dados como esse evidenciam a importância do papel da educação para fornecer um novo começo para as pessoas que deixam o sistema prisional.
“Dentro do sistema prisional, a educação se torna ainda mais necessária, haja vista que essas pessoas tiveram no seu processo formativo muitas vezes a ausência do ensino formal. Então a educação de jovens e adultos é uma arma transformadora de realidades, que fazem esses sujeitos ter novas oportunidades, que muitas vezes foram negadas”, disse a professora.
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