O estado de São Paulo inicia uma das mais ambiciosas obras de infraestrutura de sua história: o Túnel Santos-Guarujá, com investimento estimado em R$ 5,8 bilhões. A ligação submersa promete reduzir um trajeto que hoje pode levar até 50 minutos para apenas 1 minuto e 45 segundos, aliviando o trânsito local, otimizando as operações do porto de Santos e beneficiando mais de 5 milhões de pessoas direta e indiretamente.
Um sonho de quase 100 anos
A demanda por uma ligação seca entre Santos e Guarujá é antiga, com registros de propostas desde 1927. Atualmente, mais de 80 mil pessoas utilizam diariamente balsas ou percorrem a rodovia Cônego Domênico Rangoni, que tem mais de 43 km, para atravessar o canal gerando filas, atrasos e prejuízos para a economia e para a rotina da população.
O projeto prevê uma travessia de cerca de 1.500 metros, sendo 870 metros totalmente submersos, com três faixas para veículos leves e pesados em cada sentido, além de passagens exclusivas para pedestres e ciclistas, e espaço adaptável para um futuro veículo leve sobre trilhos (VLT), integrando a mobilidade ao transporte público.
Como será construído
O túnel será o primeiro imerso do Brasil e da América Latina, seguindo padrões internacionais. A construção contará com seis enormes módulos pré-fabricados em docas secas, equipados com sistemas de flutuação, vedação e impermeabilização. Após testes, eles serão rebocados, submersos com precisão milimétrica e selados no leito do canal, protegidos por camadas de pedras e areia para resistir a impactos.
Benefícios além da mobilidade
Além de agilizar o transporte diário reduzindo a demanda por balsas em até 70% e as emissões de CO₂ em 53%, o túnel vai liberar o canal para maior movimentação de navios no porto, que hoje precisam parar para a travessia das balsas. O porto de Santos, maior da América Latina, já movimenta mais de 180 milhões de toneladas de cargas por ano e é vital para a economia nacional.
Outro benefício será ambiental: a dragagem inicial para a obra já remove toneladas de detritos acumulados no canal, melhorando o ecossistema marinho.
Custos e controvérsias
O custo total do projeto é estimado em R$ 5,8 bilhões, financiados igualmente pela União e pelo governo paulista, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento e investimentos privados por meio do programa de Parcerias Público-Privadas (PPI). As obras estão previstas para iniciar em 2026 e serem concluídas até 2031.
Um ponto polêmico, no entanto, é a previsão de cobrança de pedágio estimado em cerca de R$ 12 por viagem para veículos, o que gera críticas, especialmente de transportadoras e moradores que atravessam o canal diariamente.
Impacto histórico
Inspirado em grandes obras internacionais, como o túnel da baía de Gojou, na China, a expectativa é que a ligação traga para o litoral paulista um salto econômico e de qualidade de vida, impulsionando o turismo, o comércio e a logística regional, além de modernizar a mobilidade urbana com mais segurança e eficiência.
O Túnel Santos-Guarujá não só atenderá a população da Baixada Santista, mas também beneficiará milhões de turistas e o fluxo de mercadorias de todo o país, consolidando o Brasil como referência em inovação e engenharia na América Latina.
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