A obra de Luiz Olivieri, arquiteto italiano pioneiro em BH

Luiz Olivieri foi um dos imigrantes europeus que vieram para Belo Horizonte no final do século XIX e se juntaram ao grupo de profissionais constituído para planejar e construir a cidade. Nascido na Itália e formado em Florença, o arquiteto chegou a Belo Horizonte em 1895 para trabalhar na Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC), cidade onde exerceu sua profissão por mais de trinta anos.

Ao longo do seu prodigioso percurso profissional, além de edifícios públicos planejados no âmbito da CCNC, Olivieri projetou mais de 400 obras particulares, firmando-se como um autêntico construtor da paisagem arquitetônica local em seus primórdios – marcada sobretudo pelo ecletismo inspirado na tradição greco-romana.

O ‘Castelinho da Floresta’ (1918) – imóvel em estilo eclético localizado na Rua Varginha, n. 210 – foi projetado e construído pelo arquiteto Luiz Olivieri para sua moradia. (Crédito: Construtora QBHZ / Reprodução).

Em julho de 1897, Olivieri abriu o primeiro escritório particular de arquitetura de Belo Horizonte em um dos casarões da antiga Rua de Sabará, que ainda guardava a feição do povoado dos tempos coloniais. Além disso, foi pioneiro nas atividades culturais do seu campo de atuação na capital, realizando a primeira exposição de arquitetura em 1911 e publicando os livros O Architecto Moderno no Brasil (1911 e 1922) e O Lar Moderno (1931).

O edifício que abrigou a Livraria Joviano e o Café Estrela, na Rua da Bahia, sediou em 1911 a exposição de arquitetura com projetos de Luiz Olivieri, conforme noticiado pelo jornal Minas Gerais em 30 de março de 1911. (Crédito: Revista Vita e jornal Minas Gerais / Montagem).

Seus livros, fartamente ilustrados com plantas e fachadas, serviram como importantes manuais de projeto arquitetônico para diversas construções em estilo eclético, tanto em Belo Horizonte quanto em outras cidades de Minas Gerais.

Capa do primeiro livro de arquitetura publicado em Belo Horizonte: ‘O Architecto Moderno no Brasil – Edifícios Públicos e Particulares’ (1911), de Luiz Olivieri. (Crédito: Ulisses Morato).

A significativa produção arquitetônica em solo belo-horizontino, possibilitou a Olivieri a internacionalização da sua obra. Em 1911, com projetos de edifícios públicos e habitações, o arquiteto participou da Esposizione Internazionale delle Industrie e del Lavoro, realizada em Turim, Itália.

Por outro lado, enquanto ativista social em prol dos imigrantes italianos em Belo Horizonte, o arquiteto contribuiu para a organização e participou da Società Operaia Italiana di Beneficenza e Mutuo Soccorso (Sociedade Operária Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro), criada para a integração dos seus membros e oferecer apoio financeiro.

A sólida trajetória profissional de Luiz Olivieri, que contribuiu decisivamente para a consolidação da cultura arquitetônica de Belo Horizonte, foi interrompida em 1937, ano do seu falecimento em Contagem, Minas Gerais.

Principais obras

Luiz Olivieri foi um profícuo criador de edifícios na nascente capital mineira, sendo um dos grandes responsáveis pela conformação da paisagem eclética da cidade e, consequentemente, pelo seu patrimônio cultural. A seguir, conheça algumas das principais obras do arquiteto.

1. Antiga Estação Ferroviária (atual Museu de Artes e Ofícios)
Antiga Estação Ferroviária de Belo Horizonte, atual Museu de Artes e Ofícios. (Crédito: Iepha-MG).

A Estação Ferroviária Central do Brasil, inaugurada em 1922 na Praça Rui Barbosa, é uma das obras mais emblemáticos da arquitetura eclética de Belo Horizonte. O edifício, que atualmente abriga o Museu de Artes e Ofícios, foi o segundo a ser construído no local em substituição à primeira estação ferroviária da região central da cidade, inaugurada em 1898 e posteriormente considerada obsoleta e de dimensões reduzidas.

2. Grupo Escolar Barão do Rio Branco
Grupo Escolar Barão do Rio Branco, inaugurado em 1913. (Crédito: Sérgio Leão).

O Grupo Escolar Barão do Rio Branco, imóvel tombado, foi projetado em 1911 e inaugurado em 1913 na Av. Getúlio Vargas, n. 1059. Nesta exuberante escola em estilo eclético, estudaram várias personalidades ilustres da capital mineira, tais como os ex-prefeitos Celso Melo Azevedo e Américo René Gianetti, o frade e escritor Frei Beto e a estilista Zuzu Angel.

3. Antigo Banco Hipotecário e Agrícola (atual UAI Praça Sete)
Antigo Banco Hipotecário e Agrícola, atual UAI Praça Sete. (Crédito: Iepha-MG)

O antigo Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais – atual Unidade de Atendimento Integrado (UAI) da Praça Sete – foi inaugurado em 1922. Entre 1967 e 1998, essa magnífica edificação eclética abrigou o Banco do Estado de Minas Gerais (BEMGE). O imóvel, tombado pelo patrimônio municipal e estadual, é o mais antigo da Praça Sete.

4. Palacete Dantas
O Palacete Dantas, de requintada arquitetura eclética, foi uma das melhores moradias particulares da capital mineira. (Crédito: Ulisses Morato).

Construído em 1915 para a família do engenheiro José Dantas, este palacete foi uma das primeiras residências nobres da capital. Sua localização privilegiada ao lado do Palácio da Liberdade e sua requintada ornamentação conferiam ao imóvel grande valor simbólico e elevavam o status social de seus moradores. Considerado uma das melhores moradias particulares da nova capital, o edifício sediou o Automóvel Clube entre 1926 e 1929, sendo adquirido pelo governo mineiro em 1981.

5. Antgo Banco de Crédito Real de Minas Gerais
Antigo Banco de Crédito Real de Minas Gerais. (Crédito: Ulisses Morato).

O antigo Banco de Crédito Real de Minas Gerais, obra eclética com influência neoclássica, foi construído em 1904 na esquina da Rua da Bahia com a Rua dos Timbiras. O imóvel, tombado pelo patrimônio municipal, atualmente abriga estabelecimentos comerciais no pavimento térreo e uma escola de teatro no pavimento superior. Essa esquina, que fez parte do território do Curral del Rei – onde ficavam o Largo do Rosário e o cemitério ligados à comunidade negra do antigo povoado – recebeu do município um marco de patrimônio cultural imaterial de Belo Horizonte.

6. Casa Paroquial da Igreja São José
Casa Paroquial da Igreja São José. (Crédito: Ulisses Morato).

Esta requintada obra em alvenaria de tijolos aparentes, erguida na área posterior da Igreja São José com acesso pela Rua dos Tupis, foi projetada por Luiz Olivieri em 1902. A edificação, tombada pelo patrimônio municipal, apresenta rara composição com este material nos primórdios da capital e revela o exímio artesanato aplicado em sua execução. Nas fachadas da Casa Paroquial – que exibem expressivas nuances de coloração pela variação tonal dos tijolos – destacam-se os apurados arranjos ornamentais, a platibanda escalonada, as molduras e os arcos plenos.

7. Sobrado de Jayme Gomes de Carvalho (atual Instituto Cultural Flávio Gutierrez)
Sobrado de Jayme Gomes de Carvalho, atual Instituto Cultural Flávio Gutierrez. (Crédito: Pedro Sales).

Este magnífico sobrado foi projetado em 1922 pelo arquiteto Luiz Olivieri por encomenda de Jayme Gomes de Carvalho. O imóvel, tombando pelo patrimônio municipal e situado na Rua Sapucaí, n. 127, atualmente abriga a sede do Instituto Cultural Flávio Gutierrez. Trata-se de um exemplar emblemático da arquitetura doméstica em estilo eclético de inspiração neoclássica, cuja fachada, ricamente ornamentada, mantém seu desenho original, assim como seu interior, que exibe exuberantes pinturas parietais com representações florais e paisagísticas em excelente estado de conservação.

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