Policial morto em hospital de BH estava acompanhado por outro agente, que abandonou posto, diz Sejusp

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais (Sejusp) informou ao BHAZ, nessa segunda-feira (4), que o policial penal morto durante uma escolta, em um hospital de Belo Horizonte, estava acompanhado por outro agente momentos antes do crime. Em nota, a secretaria informou que a escolta hospitalar de presos é sempre realizada por dois policias penais e que “equipes volantes fiscalizam regularmente o cumprimento desses procedimentos”.

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De acordo com a Sejusp, o policial Euler Pereira Rocha, de 42 anos, estava, sim, acompanhado por outro servidor, mas este teria abandonado o posto de trabalho sem qualquer comunicação prévia ao Departamento Penitenciário (Depen-MG). Após isso, o detento Shaylon Cristian Ferreira Moreira, de 24 anos, teria se aproveitado de um momento de descuido de Euler e entrado em luta corporal com ele. Durante a briga, o preso conseguiu pegar uma arma do agente e o matou com dois tiros.

A secretaria destaca que, no sábado (2), uma equipe do Depen-MG esteve no Hospital Luxemburgo, onde ocorreu o crime, e confirmou a presença dos dois servidores escalados pela escolta. “Tais passagens ocorreram às 8h50 e às 20h30. Contudo, após essa última verificação, um dos policiais teria abandonado o posto de trabalho”, diz o comunicado. Ainda segundo a Sejusp, o servidor está sendo formalmente investigado, mas, até o momento, não retornou ao trabalho e não se apresentou para prestar esclarecimentos.

Circuito interno flagrou detento fugindo

Câmeras do circuito de segurança do Hospital Luxemburgo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, flagraram o detento Shaylon Cristian que matou policial penal Euler Pereira, na madrugada de domingo (3), saindo do local com a farda do agente.

Nas imagens enviadas ao BHAZ, é possível ver o momento em que o autor deixa a unidade de saúde vestindo as roupas do policial e segurando uma mochila dele.

Euler era servidor desde 2009 e foi morto a tiros durante uma escolta dentro do hospital. O autor teria se aproveitado de um momento de descuido do agente penitenciário e entrado em luta corporal com ele. Durante a briga, o preso conseguiu pegar uma arma do agente e o matou com dois tiros.

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‘Perdeu, perdeu’

Uma funcionária do hospital relatou à Polícia Militar que estava em um corredor próximo quando ouviu gritos de “perdeu, perdeu”. Ela disse que tentou abrir a porta do quarto, mas que alguém a impediu pelo lado de dentro, dizendo para “aguardar”.

Em seguida, o autor vestiu a farda do policial e roubou a bolsa dele. O detento saiu do quarto se passando pelo agente e informou à funcionária que “estava tudo tranquilo”. A testemunha, no entanto, contou que viu respingos de sangue no chão e o preso lavando as mãos ensanguentadas na pia.

Estranhando a situação, uma equipe do hospital entrou no quarto e encontrou o policial caído ao chão. Eles deram início às manobras de reanimação, mas o agente não resistiu aos ferimentos e morreu.

Fuga

Já do lado de fora do hospital, o detento solicitou ajuda a uma mulher para chamar um carro de aplicativo. Ele disse que estava com a mãe passando mal e que não tinha telefone. Achando se tratar de um policial penal, a mulher atendeu ao pedido do autor.

Durante a fuga do detento em um carro de aplicativo, a Polícia Militar foi informada sobre o ocorrido. Os policiais deram início à perseguição e conseguiram localizar o veículo e o autor. Como o suspeito estava com um corte na testa, ele foi encaminhado para o Hospital João XXIII.

Sindicato exige melhores condições

O presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais (Sindppen), Jean Otoni, afirmou ao BHAZ que a Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) não fornece “condições dignas” aos agentes. A declaração foi feita após homicídio do policial penal Euler Pereira Rocha.

“Faltam estruturas básicas: os policiais não têm sequer um espaço para guardar seus pertences ou tomar banho. Os policiais penais permanecem por mais de 12 horas seguidas em hospitais, muitas vezes em condições extremamente difíceis”. Segundo ele, agentes de outras corporações possuem benefícios que os policiais não têm, como o chamado “quarto de hora”, em que a cada duas horas é feito um rodízio na escolta.

“Já denunciamos a falta de cautela fixa para os policiais penais. Em muitas situações, eles precisam trocar de armamento no próprio corredor do hospital. O sindicato tem acompanhado de perto toda essa situação e está tomando todas as medidas cabíveis”, destacou Otoni.

O Sindppen-MG publicou uma nota de pesar nas redes sociais. O comunicado informa que Euler era servidor desde 2009. “Sindppen-MG externa solidariedade e pesar aos familiares, amigos e colegas de farda neste momento de profunda dor. Que Deus conforte, traga paz e força para atravessar esse momento de tanta tristeza”.

“A memória de Euler permanecerá viva entre aqueles que, como ele, dedicam suas vidas à segurança e à justiça”, lamentou o sindicato.

O que diz a Sejusp?

Em nota enviada à reportagem, a Sejusp informou que instaurou um procedimento interno para apurar “administrativamente” o homicídio do policial penal.

De acordo com a secretaria, o suspeito havia sido admitido na Penitenciária José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, no dia 14 de julho, e possui passagens pelo sistema prisional desde 2018, respondendo a diversos inquéritos por crimes como tráfico de drogas, furto, posse ilegal de arma de fogo e homicídio.

Hospital Luxemburgo

O Hospital Luxemburgo também se pronunciou sobre o caso. A unidade de saúde disse que, tão logo a situação foi identificada, a equipe assistencial acionou o protocolo de emergência com Código Azul, prestando imediato atendimento e todos os esforços de reanimação à vítima.

“Paralelamente, as forças de segurança foram acionadas, e a instituição colaborou integralmente com os órgãos competentes. Desde o ocorrido, a equipe multiprofissional da unidade está prestando acolhimento e suporte emocional aos colaboradores envolvidos direta ou indiretamente na ocorrência”, destacou.

“O Hospital Luxemburgo lamenta profundamente o falecimento do agente penal e se solidariza com seus familiares, colegas e amigos. A unidade reforça que permanece colaborando com as autoridades competentes para contribuir com as investigações em curso”, conclui o comunicado enviado ao BHAZ.

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