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Entre fevereiro e março de 2025, as elevações mais importantes ocorreram nas capitais do Sul: Curitiba (3,61%), Florianópolis (3,00%) e Porto Alegre (2,85%). Já as reduções foram observadas no Nordeste: Aracaju (-1,89%), Natal (-1,87%) e João Pessoa (-1,19%). São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 880,72), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 835,50), por Florianópolis (R$ 831,92) e Porto Alegre (R$ 791,64).Já nas cidades do Norte e do Nordeste, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 569,48), João Pessoa (R$ 626,89), Recife (R$ 627,14) e Salvador (R$ 633,58).A partir desses dados, Dieese atestou que para comprar uma cesta básica e suprir as despesas essenciais de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo deveria ser de R$ 7.398,94 ou 4,87 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.518,00. Em fevereiro, o valor necessário era de R$ 7.229,32 e correspondeu a 4,76 vezes o piso mínimo. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em março de 2025, 52,24% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos e, em fevereiro, 51,46% da renda líquida. Em março de 2024, o percentual ficou em 53,29%.Ao Portal A TARDE, a superintendente técnica do Dieese, Ana Georgina, há uma distância muito grande entre o que está previsto na Constituição e o que se vê na realidade. Ela pontuou ainda que não há a possibilidade de aumentar de forma abrupta o valor do salário mínimo, porque causa um impacto imediato na previdência. Segundo ela, mais de mais de 60% dos aposentados e pensionistas ganham um salário mínimo.Para o economista Edisio Freire, o reajuste já não vem sendo tão elástico, e impedir que cresça acima do PIB é muito ruim para o trabalhador, porque diminui o seu poder de compra. Segundo Freire, com o aumento dos alimentos de forma reiterada, quem acaba pagando a conta é o trabalhador de baixa renda.Possível congelamento do salárioO ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, propôs durante o Brazil Conference, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma reforma nos custos da previdência e sugeriu o congelamento do salário mínimo em termos de ganhos reais. “Eu acho que precisa de uma reforma grande. Uma boa já seria, provavelmente a mais fácil, congelar o salário mínimo em termos reais. Seis anos congelados já ajudaria”, afirmou.Para o economista e professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UNB), José Luis Oreiro, “não existe nenhuma discussão no governo ou no Congresso Nacional sobre o congelamento do salário mínimo”. Segundo ele, a proposta de Fraga é equivocada.O professor chamou a atenção: 50% da despesa previdenciária no Brasil é indexada ao salário mínimo e metade dos trabalhadores brasileiros, por serem informais ou por serem auto empregados sem CNPJ, não contribuírem para a previdência. “O que o Armínio está propondo é que os ganhos de produtividade sejam apropriados pelo andar de cima”, salientou.”Congelar o salário mínimo significa, em termos práticos, que os ganhos de produtividade do trabalho não vão ser apropriados pelos trabalhadores, mas vão ser apropriados pelos capitalistas”, ponderou.Oreiro chamou a atenção de que a valorização do salário mínimo precisa ser feita a longo prazo para pode aumentar o poder de compra do trabalhador de baixa renda o que, na visão dele, “é fundamental para o progresso das condições de vida da classe trabalhadora brasileira”.