O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um aumento significativo nas tarifas sobre produtos importados da Índia, que agora chegam a 50%. A decisão representa uma das medidas comerciais mais duras adotadas contra o país asiático e já começa a provocar repercussões no comércio internacional, despertando atenção especial no Brasil.
Segundo analistas, a sobretaxa é resultado direto das relações comerciais da Índia com a Rússia, especialmente na compra de petróleo. Até então, o governo americano aplicava uma tarifa de 25% sobre produtos indianos. Com a nova medida, foi adicionada uma taxa extra de 25%, alcançando o patamar de 50%.
Impactos na Índia
A medida tem potencial devastador para a economia indiana. Estima-se que as exportações para os Estados Unidos, que em 2024 somaram cerca de US$ 86 bilhões, possam cair para US$ 50 bilhões já no próximo ano. Esse recuo acarreta riscos de perda de empregos e retração significativa em setores estratégicos da indústria indiana.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, havia tentado negociar em Washington promessas de ampliar a compra de petróleo e armamentos americanos. No entanto, os esforços não renderam resultados, e o governo de Trump manteve a política de pressão.
Reflexos para o Brasil
O Brasil observa de perto a escalada tarifária, já que também mantém relações comerciais relevantes com a Rússia, sobretudo na importação de fertilizantes e óleo diesel. Atualmente, Brasil e Índia são os dois países mais penalizados pelas sobretaxas americanas, ambos com tarifas de 50%.
Diplomatas brasileiros temem que Washington adote medidas semelhantes contra o país, caso o alinhamento com Moscou seja interpretado como ameaça aos interesses americanos. O Itamaraty acompanha o caso de perto e avalia alternativas para proteger o comércio exterior brasileiro.
Índia busca novos aliados
Diante do impasse, a Índia intensifica sua aproximação com China e Rússia, além de buscar maior diálogo com o Brasil. Modi, que não visitava Pequim desde 2018, participa neste fim de semana de uma reunião de cúpula com o presidente chinês Xi Jinping. A movimentação reforça a busca indiana por alternativas diante do isolamento provocado pelas tarifas impostas pelos EUA.
Especialistas destacam que esse realinhamento geopolítico pode ter efeitos profundos na balança de poder global, afetando cadeias de suprimento, negociações energéticas e até a relação entre Brasil e Estados Unidos.
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