O anúncio da BP sobre uma nova descoberta no pré-sal brasileiro foi recebido com otimismo, mas ainda gera ceticismo entre especialistas. Marcelo de Assis, analista da área de energia, afirmou em entrevista que a perfuração de um único poço não é suficiente para atestar a viabilidade comercial da área. Segundo ele, é necessário um programa mais robusto de avaliação para garantir que o pré-sal continue sendo uma fonte relevante de produção futura para o Brasil.
“Apesar de o comunicado da BP ser positivo, é cedo para comemorar. A decisão sobre a comercialidade de uma área depende de uma amostragem mais ampla. É necessário perfurar mais poços para entender o real potencial da descoberta”, disse Assis.
Pré-sal já pode ser considerado uma área madura
Assis também levantou a possibilidade de o pré-sal já estar entrando em uma fase de maturidade geológica, o que implicaria menor produtividade futura. Ele destacou que as bacias de Campos e Santos, no pós-sal, já são consideradas maduras, e que há indícios de que o mesmo está acontecendo com o pré-sal.
A previsão dos especialistas é que a curva de produção atinja seu pico entre 2029 e 2030, iniciando declínio a partir daí. Essa tendência tem implicações profundas na arrecadação governamental e na segurança energética do Brasil, o que torna urgente a busca por novas fronteiras de exploração.
Exploração deve avançar além das bacias de Campos e Santos
O especialista defendeu a ampliação dos esforços exploratórios para além das tradicionais bacias do Sudeste. Ele citou como exemplo promissor a margem equatorial e, em especial, a Bacia Potiguar, no litoral do Rio Grande do Norte, onde o onshore já tem produção consolidada há décadas.
Apesar disso, Assis ponderou que as expectativas para descobertas de grande porte nessas novas regiões devem ser moderadas. “A geologia da Bacia Potiguar não comporta campos gigantes como os do pré-sal. Se formos realistas, estamos falando de potenciais de produção de até 70 mil barris por dia, não mais que isso”, alertou.
Ele comparou a região com áreas análogas no Gabão, na África, que apresentam geologia semelhante, mas sem grandes jazidas. “Esses sistemas têm potencial, mas exigem aspirações mais modestas”, concluiu.
Perspectivas e desafios para o futuro do petróleo no Brasil
Com a previsão de declínio da produção no pré-sal, o Brasil precisa acelerar a transição para novas fronteiras exploratórias. A avaliação mais cautelosa das descobertas, como a da BP, demonstra que o futuro do setor depende de investimentos consistentes em pesquisa e tecnologia, além de uma visão estratégica de longo prazo.
A postura do governo, da Petrobras e de outras operadoras será decisiva para manter o protagonismo brasileiro no cenário energético global — especialmente diante da transição energética e da crescente demanda por fontes sustentáveis.
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