Ex-funcionários revelam bastidores da relação de Hytalo com menores longe das câmeras.
Ex-funcionários de Hytalo Santos afirmam que o influenciador mantinha adolescentes em condições degradantes dentro da própria mansão, em João Pessoa. Segundo eles, o ambiente era de controle absoluto: celulares confiscados, festas regadas a álcool e uma rotina de gravações quase ininterrupta.
“Eu via muitas sacolas de dinheiro saindo da casa dele. Ele estava ganhando dinheiro com esses adolescentes”, contou um dos ex-funcionários ao Fantástico, sob anonimato.
O influenciador paraibano foi preso na sexta-feira (15), alvo de investigações por exploração sexual, trabalho infantil, exploração sexual e outros crimes
As denúncias revelam que ao menos quatro menores de idade viviam na residência, submetidos a jornadas de produção de conteúdo que rendiam altas quantias ao casal Hytalo e Israel Nata Vicente, também preso.
Quando não estavam em gravação, os adolescentes tinham a rotina controlada, eram privados de liberdade e impedidos de sair sozinhos.
O contraste entre a ostentação pública e a realidade privada chamava atenção: do lado de fora, carros de luxo e o símbolo HS estampando a fachada; do lado de dentro, lixo acumulado por dias e jovens sem acesso pleno a escola ou vida social.
As famílias, em sua maioria do interior da Paraíba, recebiam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais para permitir que os filhos permanecessem com o influenciador. Ainda de acordo com os ex-funcionários, houve até relatos de uma adolescente que engravidou e perdeu o bebê durante o período em que esteve na casa.
A prisão de Hytalo e do marido em São Paulo, na última sexta-feira, atendeu a mandados expedidos na Paraíba. Ambos respondem por exploração sexual infantil e tráfico de pessoas. Depois que o caso ganhou repercussão nacional, os adolescentes foram devolvidos às famílias, e plataformas como TikTok, YouTube e Instagram anunciaram o bloqueio das contas ligadas ao influenciador.
Infográfico – Entenda o debate sobre ‘adultização’ que viralizou nas redes envolvendo Felca e Hytalo.
Arte/g1
Denúncia reacende discussão em Brasília
A discussão ultrapassa as redes e chega a Brasília. Parlamentares de diferentes partidos defendem a aprovação do Projeto de Lei 2628/2022, que cria regras para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital. O texto prevê verificação obrigatória de idade, controles parentais mais rígidos e retirada imediata de conteúdos de exploração infantil.
Durante audiência pública, a senadora Damares Alves (Republicanos) afirma que “as crianças estão clamando por proteção” e relata casos extremos de violência. O senador Alessandro Vieira (MDB), autor do projeto, critica as plataformas por priorizarem lucro em vez de segurança.
“Elas [as redes] têm as ferramentas, então elas sabem perfeitamente se é uma criança ou um adulto que está usando a ferramenta. Elas sabem perfeitamente qual é o conteúdo que circula. Mas elas se preocupam apenas em extrair dados e rendimento daquilo. Elas não se preocupam com proteção de crianças e adolescentes”, disse o senador.
A urgência da votação já é pautada na Câmara pelo presidente Hugo Motta (Republicanos), com relatoria do deputado Jadyel Alencar (Republicanos).
Apesar do apoio e das mensagens de agradecimento que recebe de vítimas e famílias, Felca relata ter sofrido ameaças de morte após a publicação. A Polícia Civil de São Paulo investiga os ataques.
“Eu mantenho a cautela, mas eu tô fazendo algo que é mais importante do que eu. Desculpa aí, não vou conseguir parar”, revelou o influenciador.
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