O delegado da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) Evandro Radaelli, responsável pelo inquérito que investiga a morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, classifica as ações de Renê da Silva Nogueira Junior, principal suspeito do crime, como “frias e dissimuladas”.
Segundo Radaelli, após cometer o crime, Renê Júnior deu sequência às ações do dia para afastar de si as suspeitas ligadas ao fato.
“Aparentemente ele queria dissimular a situação mesmo. Ele queria manter a rotina normal dele mesmo após a prática do crime para que a gente não tivesse elementos para apontar para ele a autoria. Então ele manteve a rotina, foi para a empresa trabalhar, voltou, passeou com os cachorros e foi para a academia de uma forma fria e aparentemente dissimulada”, disse.
Ainda conforme o delegado, as investigações estão na fase final. A corporação depende da conclusão de algumas perícias ligadas ao veículo e de informações do aparelho celular do empresário para finalizar o relatório.
Ao final do inquérito policial, Renê deve ser indiciado por três crimes: homicídio duplamente qualificado, ameaça – contra a motorista do caminhão de coleta de lixo –, e porte ilegal de arma de fogo. Se for condenado, o empresário pode pegar até 30 anos de prisão.
O crime
De acordo com a ocorrência policial, o crime ocorreu durante uma briga de trânsito, na rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital, na manhã da segunda-feira (11). Conforme testemunhas, um caminhão de lixo estava parado na rua, durante a coleta de resíduos, quando o empresário Renê Junior exigiu para que fosse liberado espaço na via para passar com o veículo que dirigia, um BYD cinza.
Irritado, ele ameaçou a motorista do caminhão com uma arma. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse. Foi nesse momento que ele saiu do veículo e disparou contra os funcionários, acertando Laudemir. “E aí ele entrou dentro do carro e foi embora. Não prestou socorro, nem olhou para trás, ele seguiu o caminho dele”, relatou ao BHAZ a motorista do caminhão, Eledias Aparecida.
O suspeito
Renê Junior é marido da delegada Ana Paula Balbino, da Polícia Civil de Minas Gerais. Conforme o perfil de Renê Junior no LinkedIn, ele atua há 27 anos no setor de alimentos e bebidas. O suspeito já ocupou cargos de lideranças em empresas multinacionais.
Em 2024, Ana Paula chegou a publicar elogios à conduta do marido. No post, a delegada afirmou que Renê é um homem “justo, empático e amável”. “Gostaria de falar do homem de caráter irrefutável. Um cidadão que se preocupa com as pessoas que estão sobre sua gestão ou não. Justo, empático, amável e adorado pela família e amigos”, escreveu ela. “Cristão e patriota, é exemplo para muita gente quanto ao quesito superação”, destacou no texto.
Arma é da esposa delegada, diz PC
A PCMG confirmou na tarde dessa sexta-feira (15) que a arma usada no homicídio do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, está registra em nome da delegada Ana Paula Balbino. Renê Júnior, marido dela, foi preso suspeito de cometer o crime poucas horas após a morte do trabalhador.
Conforme a nota da corporação, exames periciais realizados na arma de fogo indicaram o registro em nome da servidora da instituição. O laudo informou que se trata de um revólver de uso particular, e não o da PCMG.
Ana Paula entregou voluntariamente as armas de fogo de uso particular e de uso corporativo para passar por perícia na última segunda-feira (11). A servidora foi conduzida à delegacia, onde prestou depoimento informando que Renê Junior não possuía acesso ao armamento e que, portanto, desconhecia qualquer envolvimento dele em prática criminosa.
Em depoimento, Renê Junior negou que estava no local dos fatos. Ele disse que saiu de casa nessa segunda-feira (11) e pegou trânsito incomum enquanto se dirigia até a empresa dele, localizada em Betim, onde ficou até o horário do almoço. Depois, o suspeito contou que retornou à residência, trocou de roupa e saiu para passear com os cachorros. Após isso, ele afirmou que deixou os animais em casa e se dirigiu à academia, onde foi abordado por policiais militares. De acordo a PCMG, ele negou qualquer fato extra que havia ocorrido durante o dia. No entanto, ele confirmou que a delegada possuía duas armas de fogo na residência deles.
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