Fala de Haddad sobre arcabouço fiscal abala mercado e faz dólar disparar

Uma declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, provocou volatilidade no mercado financeiro na manhã desta segunda-feira. Ao defender a solidez do atual arcabouço fiscal brasileiro durante o evento “Rumos 2025”, promovido pelo jornal Valor Econômico, Haddad acabou gerando preocupação entre investidores. O dólar disparou para R$ 5,77 por volta das 9h45 e, apesar de recuar após esclarecimentos do ministro nas redes sociais, ainda fechou o dia em alta de 0,6%, cotado a R$ 5,75.

Entenda o arcabouço fiscal e a declaração polêmica

Durante o evento, Haddad destacou que o atual modelo fiscal, que estabelece regras para o controle das receitas e despesas do governo federal, é bem avaliado por instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo o ministro, o arcabouço fiscal brasileiro foi classificado como robusto pelas agências de risco.

A meta para o resultado primário de 2024 era de 0% do Produto Interno Bruto (PIB), o que significa uma situação de equilíbrio entre receitas e despesas. Embora o país tenha registrado um déficit de R$ 11 bilhões no ano passado, Haddad explicou que esse valor ainda estava dentro do limite tolerável de déficit, de até 0,25% do PIB.

Flexibilidade no ajuste das metas

Haddad afirmou que as regras fiscais são eficazes, mas defendeu a possibilidade de ajustes pontuais nas metas. Para ele, o que importa é a manutenção da estrutura geral das regras:

Esclarecimentos e tentativa de acalmar o mercado

Após perceber a reação negativa do mercado, Haddad precisou utilizar suas redes sociais para esclarecer as declarações, reforçando que se sente confortável com os atuais parâmetros do arcabouço fiscal. Ele reiterou o compromisso com medidas para fortalecer ainda mais as regras fiscais, referindo-se diretamente ao pacote de cortes de gastos implementado no ano anterior.

Impactos econômicos imediatos

A explicação nas redes sociais ajudou a conter parte das perdas, mas não evitou o fechamento do dólar em alta. Analistas apontam que a volatilidade reflete uma desconfiança persistente do mercado quanto ao cumprimento efetivo das metas fiscais por parte do governo.

A visão Crítica dos Analistas

Para o comentarista Josualdo, apesar do discurso otimista, falta combinar com o mercado, que continua cético em relação às promessas de equilíbrio fiscal do governo Lula. Um dos pontos destacados é o histórico de descumprimento de metas fiscais e dificuldades em controlar as despesas públicas no passado.

Consequências da alta taxa selic

Outro aspecto relevante destacado por analistas é o impacto da taxa Selic, que segue elevada. Desde a posse de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central, a taxa básica de juros vem aumentando, elevando a dívida pública. Cada ponto percentual adicional na Selic custa cerca de R$ 50 bilhões ao ano ao governo, o que supera em muito a economia pretendida pelo arcabouço fiscal, de aproximadamente R$ 70 bilhões anuais.

O comentarista aponta que, somente nos últimos aumentos de juros, o gasto público já teria subido em R$ 150 bilhões ao ano, representando um desafio significativo para o governo em manter suas contas equilibradas.

Expectativas para 2025: Caminho para o superávit?

Apesar das turbulências recentes, Haddad manteve o discurso otimista quanto ao futuro próximo. Para 2025, a expectativa do governo é de alcançar um superávit primário de cerca de R$ 11 bilhões, colocando as contas públicas novamente dentro dos limites estabelecidos pelas regras fiscais vigentes.

No entanto, especialistas e investidores seguem atentos, monitorando de perto as decisões do Ministério da Fazenda e suas repercussões práticas no mercado financeiro e na economia real.

Desafios e credibilidade em jogo

A recente polêmica envolvendo o ministro Fernando Haddad evidencia que o equilíbrio fiscal segue como um dos temas mais sensíveis e críticos para o mercado financeiro brasileiro. Mesmo com discursos de tranquilidade, será fundamental para o governo demonstrar, com ações concretas, sua capacidade de cumprir as metas estabelecidas. Somente assim será possível restaurar plenamente a confiança de investidores e estabilizar indicadores-chave, como a cotação do dólar e os níveis da taxa Selic.

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