A proposta da gestora responsável pelo fundo imobiliário URPR11 de transferir os ativos atuais para dois novos fundos da própria casa foi reprovada. A decisão ocorreu após uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) convocada especialmente para deliberar sobre o tema. A pauta foi rejeitada por não atingir o quórum mínimo de 25% das cotas emitidas, encerrando qualquer possibilidade imediata de cisão ou realocação de ativos.
Qual era a proposta e por que gerou polêmica?
A proposta previa que o URPR11 continuaria existindo formalmente, mas com todos os seus ativos realocados para dois novos fundos geridos pela mesma casa — levantando um forte alerta entre os cotistas quanto a potenciais conflitos de interesse.
Segundo o plano, haveria uma possível divisão entre ativos de qualidade e ativos considerados problemáticos, o que poderia gerar valorização artificial de um dos fundos e desvalorização do outro — o que favoreceria captações futuras em apenas um deles. Em termos práticos, muitos investidores temeram que seus aportes atuais fossem direcionados para ativos de menor qualidade, prejudicando sua rentabilidade no longo prazo.
Por que a proposta foi mal recebida pelos investidores?
Falta de clareza e ausência de apresentação formal
Um dos principais motivos para a rejeição foi a falha na comunicação. A gestora não fez uma apresentação estruturada da proposta. Durante a assembleia, um dos representantes entrou em uma live improvisada, sem materiais informativos consistentes ou argumentos convincentes.
Risco de conflito de interesses
A proposta envolvia dois novos fundos que seriam administrados e geridos pela mesma gestora do URPR11. Esse acúmulo de funções levantou preocupações legítimas sobre a neutralidade e os interesses da empresa em promover a cisão.
A leitura feita por muitos investidores foi a de que a gestora pretendia se livrar dos ativos “ruins”, concentrando-os em um fundo menos atrativo, ao passo que criaria um novo produto “premium” para captar recursos mais facilmente junto ao mercado.
Resultado da assembleia e repercussão
Apesar de não ter havido votação formal suficiente para validar ou rejeitar a proposta — justamente pela ausência de quórum mínimo (25%) — a medida é considerada rejeitada. A administradora Vórtx divulgou o resultado oficial, mas não apresentou detalhes sobre o número exato de votos favoráveis ou contrários, o que gerou críticas adicionais sobre a transparência do processo.
“Mesmo sem quórum, seria essencial divulgar quantos votaram a favor e contra. Isso traria mais clareza para o mercado e ajudaria os cotistas a entenderem o grau de apoio à proposta”, comentou um dos analistas do setor.
O que esperar do URPR11 daqui pra frente?
Com a rejeição da proposta, o URPR11 segue com sua estrutura atual, mas a situação expõe fragilidades da gestão, tanto em comunicação com investidores quanto em estratégia de reposicionamento do fundo.
O episódio também traz lições importantes para o mercado de fundos imobiliários:
- Transparência e clareza são fundamentais em assembleias;
- Propostas envolvendo reestruturações internas precisam ser bem fundamentadas e respaldadas por dados técnicos;
- O investidor está cada vez mais atento a possíveis conflitos de interesse e exige responsabilidade fiduciária das gestoras.
O caso do URPR11 mostra que, mais do que boas ideias, é preciso saber comunicá-las de forma eficaz e transparente. A tentativa da gestora de realocar os ativos fracassou, não necessariamente por má intenção, mas por uma combinação de má apresentação, suspeita de conflitos e baixa adesão dos cotistas.
Se o fundo pretende renovar sua estratégia, precisará reconquistar a confiança de seus investidores com planos bem estruturados, metas claras e uma comunicação eficiente — requisitos que, desta vez, passaram longe da assembleia.
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