A Irani Papel e Embalagem (RANI3) anunciou no dia 23 de abril de 2025 o pagamento de dividendos no valor de R$ 0,32 por ação, com a data de corte para acionistas posicionados até essa mesma data. O pagamento será realizado até o dia 30 de maio de 2025. A notícia movimentou o mercado, especialmente após a ação acumular queda de 13% nos últimos 12 meses.
A companhia, uma das maiores produtoras nacionais de papel para embalagens e papelão ondulado, reforça sua posição estratégica em meio à crescente demanda por soluções sustentáveis, substituindo o plástico em setores como alimentação, bebidas e e-commerce.
Desempenho financeiro recente e impactos não recorrentes
Apesar da atratividade dos proventos, é importante destacar que boa parte do lucro que viabilizou os dividendos mais robustos tem origem não recorrente. Em especial, créditos tributários de anos anteriores foram reconhecidos nos balanços recentes, elevando temporariamente os lucros e, consequentemente, os dividendos.
Desconsiderando esse fator, o lucro recorrente da Irani teria sido significativamente menor, o que reforça a necessidade de atenção por parte dos investidores que buscam constância no retorno via dividendos.
Valuation e indicadores: preço justo e múltiplos atrativos?
Na cotação de R$ 7,30 (em 23/04), a Irani apresenta um P/L (Preço/Lucro) de 5,2 — aparentemente barato, mas distorcido pelos lucros não recorrentes. Já o P/VP (Preço/Valor Patrimonial) gira em torno de 1,2, ainda atrativo em termos históricos.
A avaliação pelo método de Benjamin Graham sugere um valor justo próximo de R$ 13,00, embora analistas mais conservadores recomendem uma margem de segurança com entrada na faixa de R$ 6,00.
Recompra de ações e defesa do preço
Outro ponto que tem chamado atenção é a recompra ativa de ações. A companhia tem consistentemente recomprado seus papéis na faixa dos R$ 7,00, demonstrando que considera este patamar de preço estratégico. Curiosamente, o movimento cessa quando o valor recua para R$ 6,50, o que pode indicar uma zona de suporte informal.
Além disso, a queda no aluguel de ações e a redução das posições vendidas sugerem que os “vendidos” estão recuando, o que pode aliviar a pressão sobre os preços.
Projeções de geração de caixa até 2026
Segundo relatórios de análise do setor de papel e celulose, a Irani projeta geração de caixa de R$ 573 milhões em 2025 e R$ 637 milhões em 2026. O múltiplo preço/lucro projetado deve se manter em 10x em 2025 e cair para 8x em 2026, à medida que os lucros crescem de forma orgânica e menos dependente de eventos extraordinários.
Essas projeções aumentam a confiança dos investidores no modelo de negócios, mesmo diante de um setor altamente cíclico.
Dividendos: histórico e perspectivas
Nos últimos anos, a Irani tem mostrado consistência nas distribuições:
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2021: R$ 0,53
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2022: R$ 0,64
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2023: R$ 0,85
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2024: R$ 0,53
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2025 (até abril): R$ 0,51 acumulado (sendo R$ 0,32 recém-aprovados)
A expectativa é de novos anúncios de dividendos ainda nos meses de agosto e novembro, conforme padrão observado em 2023 e 2024.
No entanto, analistas alertam que a alavancagem financeira será um fator determinante. Caso a dívida líquida supere 2,5 vezes o EBITDA, a distribuição de dividendos pode ser significativamente reduzida.
Mercado, clientes e posição estratégica
Com 90% da receita concentrada no mercado brasileiro, a Irani também possui presença na Argentina, China, México e África do Sul. A empresa atua no fornecimento de embalagens para setores essenciais, como alimentos e bebidas, o que garante certa resiliência mesmo em momentos de baixa econômica.
Além disso, a tendência global de substituir o plástico por materiais recicláveis e biodegradáveis joga a favor do setor de embalagens de papel, fortalecendo o posicionamento da Irani frente a concorrentes como Klabin e Suzano.
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