Quantas ações ter na carteira? Veja o número ideal segundo estudo

Diversificação é uma das estratégias mais recomendadas para investidores que buscam reduzir riscos em suas carteiras. No entanto, até que ponto ela realmente faz sentido? Em um vídeo recente, um consultor da Suno Research explicou com base em estudos de Harry Markowitz — ganhador do Nobel de Economia — qual é o “número mágico” de ações que oferece uma boa relação entre risco e retorno.

Segundo a análise, 20 ativos em renda variável são suficientes para capturar aproximadamente 80% dos benefícios da diversificação. A partir daí, adicionar mais ações tende a gerar retornos decrescentes em termos de redução de risco.

O que é diversificação — e por que ela importa?

Diversificar significa distribuir seu capital entre diferentes empresas, setores ou classes de ativos para mitigar riscos. No contexto da renda variável, isso ajuda a equilibrar perdas eventuais em uma empresa com ganhos em outra.

Existem dois tipos principais de risco:

  • Risco de mercado: afeta todos os ativos, como mudanças na política monetária, guerras ou crises globais.

  • Risco específico: é particular de uma empresa, como escândalos, má gestão ou resultados decepcionantes.

Ao diversificar, o investidor reduz sua exposição ao risco específico, sem necessariamente eliminar o risco de mercado — que é sistêmico e atinge todo o mercado de forma ampla.

O estudo de Markowitz: quando a diversificação deixa de fazer sentido?

Markowitz, considerado o pai da Teoria Moderna de Portfólios, demonstrou em seus estudos que os benefícios de adicionar novas ações a uma carteira vão diminuindo progressivamente. De acordo com seus cálculos:

  • De 1 para 2 ativos, a redução de risco é significativa.

  • De 5 para 10 ativos, o impacto ainda é relevante.

  • A partir de 20 ativos, o benefício se torna marginal.

Ou seja, o ganho em segurança ao se adicionar a 21ª ação é muito menor do que o obtido ao passar de 1 para 2 ativos.

Na prática: o que significa ter 20 ações?

Imagine que você possui ações apenas da Apple. Você estará sujeito a tudo que envolve diretamente a empresa: desempenho de vendas, escândalos, concorrência. Um único evento negativo pode impactar todo seu patrimônio.

Agora, se além da Apple você tiver Banco do Brasil, Petrobras, Vale, Ambev, Weg, entre outras, seu risco específico será diluído. Ainda assim, se o mercado global sofrer uma queda generalizada (como em anúncios de tarifas por Trump ou crises sanitárias), todas cairão — o risco de mercado permanece.

Conforme a carteira cresce e se aproxima de 20 ativos de qualidade e com boa correlação negativa ou neutra entre si, o investidor já terá capturado os principais benefícios da diversificação.

O outro lado: quando a diversificação vira um vício

O excesso de ativos pode prejudicar o desempenho da carteira e dificultar a gestão. Alguns dos principais problemas incluem:

  • Dificuldade de acompanhamento: quanto mais ações, maior o tempo necessário para analisar balanços, fatos relevantes, mudanças de gestão, etc.

  • Baixa concentração em boas oportunidades: investir R$ 1.000 em 100 ações diferentes pode gerar retornos pouco expressivos mesmo que uma se valorize fortemente.

  • Complicações no Imposto de Renda: muitas operações em ações significam maior trabalho com apuração mensal e declaração anual.

Mesmo investidores experientes que possuem mais de 50 ações tendem a concentrar o grosso do patrimônio em cerca de 20 delas.

O que dizem os especialistas?

Segundo o consultor da Suno Consultoria, apesar de ter cerca de 100 ações em carteira, 80% de seu patrimônio está concentrado nas 20 maiores posições — o que reforça a ideia de que esse é o número ideal para a maioria dos investidores.

Além disso, ele destaca a importância de personalizar a carteira de acordo com o perfil do investidor, levando em conta fatores como:

  • momento de vida (acúmulo ou usufruto),

  • necessidade de liquidez,

  • tolerância a riscos,

  • objetivos de longo prazo.

Qualidade acima da quantidade

Ter uma carteira de investimentos diversificada não significa colecionar ações de qualquer forma. O foco deve estar em qualidade, correlação e objetivo de cada ativo dentro do portfólio. Com base em estudos consagrados e na prática de profissionais experientes, o número ideal gira em torno de 20 ações bem selecionadas.

Mais do que isso, os ganhos com diversificação se tornam limitados, enquanto os custos de tempo, análise e burocracia aumentam. Se você está começando a montar sua carteira ou já tem muitos ativos e sente dificuldade em acompanhar tudo, pode ser hora de reavaliar sua estratégia.

Quer saber se sua carteira está alinhada com seus objetivos financeiros? Um planejamento personalizado pode ser o diferencial entre uma aposentadoria confortável e anos de frustração. Fale com um consultor para revisar sua estratégia e avançar com segurança.

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