Trump reduz tarifas temporárias, mas exportadores brasileiros ainda enfrentam incertezas

A decisão do presidente Donald Trump de reduzir temporariamente as tarifas de importação aplicadas a 75 países, incluindo o Brasil, trouxe um breve alívio para alguns setores exportadores. A medida vale por 90 dias e reduziu a tarifa para 10%, mas o clima de incerteza permanece. Para produtores e exportadores brasileiros, especialmente dos setores de algodão e suco de laranja, a instabilidade nas políticas comerciais dos Estados Unidos ainda compromete o planejamento e a previsibilidade de receitas.

Algodão: Brasil impactado pela cadeia asiática

O Brasil é hoje o maior exportador e o terceiro maior produtor mundial de algodão. Embora a redução da tarifa tenha sido recebida com certo alívio, os impactos das taxações anteriores foram significativos. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Algodão (Abrapa), os preços futuros da commodity chegaram a cair até 8% diante do “tarifaço”.

Os principais clientes do algodão brasileiro China, Vietnã, Paquistão, Bangladesh e Turquia foram fortemente atingidos pelas tarifas impostas pelos EUA. Esses países utilizam o algodão brasileiro para fabricar roupas que, em grande parte, são exportadas para o mercado norte-americano. Com a alta de custos e queda de competitividade, os negócios pararam, afetando diretamente a cadeia brasileira.

A redução temporária da tarifa traz algum fôlego, mas o horizonte segue nublado. “Ninguém sabe o que vai acontecer após esses 90 dias. Nossos clientes ainda estão sob risco, e o impacto pode se prolongar”, afirmou um representante do setor.

Suco de laranja: possível prejuízo bilionário

Outro setor que enfrenta dificuldades é o de suco de laranja. Com os Estados Unidos absorvendo 37% do total exportado pelo Brasil, qualquer barreira tarifária tem efeito imediato. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), as tarifas impostas por Trump podem causar perdas de até US$ 100 milhões por ano aproximadamente R$ 600 milhões.

A falta de previsibilidade e a oscilação do mercado cambial também dificultam o fechamento de contratos futuros. “Com a volatilidade do dólar, os contratos para os próximos três ou quatro meses estão mais difíceis de fechar, e isso vai trazer consequências sérias para os próximos ciclos”, alerta um especialista do setor.

Uma nova ordem comercial à vista?

Além dos prejuízos diretos, a guerra tarifária alimenta a percepção de que a ordem multilateral tradicional está em colapso. A Organização Mundial do Comércio (OMC) e até mesmo a ONU vêm perdendo força como mediadoras de disputas comerciais. Segundo analistas, o mundo caminha para acordos bilaterais mais diretos, e países como o Brasil precisam se adaptar a esse novo contexto.

Embora a trégua temporária de Trump tenha amenizado a situação de alguns setores, o cenário ainda é de alerta. A volatilidade nas tarifas, o impacto cambial e a incerteza quanto à estabilidade das relações comerciais com os EUA colocam em risco o planejamento de exportadores brasileiros. O alívio é real, mas momentâneo e a necessidade de adaptação a um cenário global mais imprevisível é urgente.

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