Com o cenário atual de juros e inflação, muitos brasileiros estão de olho no Tesouro IPCA+ como uma alternativa segura e rentável para multiplicar seu patrimônio. Mas será que a alta rentabilidade vale o risco de sair antes do vencimento? A resposta depende do seu perfil de investidor, dos seus objetivos e, principalmente, de como você encara os movimentos do mercado.
O que é o Tesouro IPCA+ e por que ele atrai tanto os investidores?
O Tesouro IPCA+ é um título público híbrido — ou seja, combina uma parte prefixada (taxa contratada na hora da compra) com uma parte pós-fixada (atrelada à inflação medida pelo IPCA). Isso significa que, ao manter o título até o vencimento, o investidor garante uma rentabilidade real acima da inflação.
Hoje, com taxas na casa dos 7,3% ao ano e inflação projetada em torno de 5,8%, o Tesouro IPCA+ pode render cerca de 13% ao ano. O atrativo está no poder de compra preservado, combinado à previsibilidade dos ganhos.
A simulação: como transformar R$ 100 mil em R$ 200 mil
Com os parâmetros atuais, investir R$ 100 mil no Tesouro IPCA+ 2040 pode gerar um retorno de R$ 200 mil já em 2032 — ou seja, em apenas 7 anos. Isso se as condições de juros e inflação se mantiverem. Se o investidor optar por manter o título até o vencimento, o valor pode ultrapassar os R$ 500 mil, aproveitando ao máximo os juros compostos.
O que está por trás dessa multiplicação? A marcação a mercado
A valorização antecipada do título está relacionada à marcação a mercado, mecanismo que ajusta o preço do título de acordo com as condições econômicas. Em um ambiente de queda na taxa de juros, os títulos antigos se valorizam — o que pode gerar ganhos expressivos se vendidos antes do vencimento.
Mas há um porém: esse movimento também pode jogar contra o investidor.
Os riscos de vender antes da hora
1. Variações nas taxas podem derrubar seus ganhos
Se as taxas futuras subirem, o preço do seu título cai. Em vez de lucrar, você pode ter prejuízo. Um aumento da taxa para 9,5%, por exemplo, pode reduzir seu retorno final de R$ 218 mil para apenas R$ 187 mil, segundo simulações.
2. Segurar o título até o fim é mais vantajoso
Se o investidor mantém o título até 2040, o patrimônio projetado pode ultrapassar os R$ 500 mil. Isso representa uma multiplicação por cinco, considerando o reinvestimento da inflação ao longo do tempo.
3. O imposto de renda incide sobre a rentabilidade total
Mesmo com a proteção da inflação, o IR é calculado sobre o total dos rendimentos, sem desconto da inflação. Isso pode reduzir significativamente o chamado ganho real.
4. O custo de oportunidade pode ser alto
Quem vende Tesouro IPCA+ para tentar lucrar no curto prazo pode perder o bom momento da Bolsa. Em períodos de queda da Selic, a valorização de ativos de risco costuma ser muito maior. Entre 2016 e 2021, ações com estratégias de valor chegaram a render 250% em três anos — muito acima da renda fixa.
Então, vale a pena investir no Tesouro IPCA+?
Sim, mas com estratégia. O erro está em tratar um investimento de longo prazo como uma aposta de curto prazo. O IPCA+ deve compor a parte de proteção e crescimento estável da sua carteira — e não ser usado para especulações.
Estratégia recomendada:
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Alocar 50% da renda fixa em títulos atrelados à inflação.
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Dividir o restante entre prefixados e pós-fixados.
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Criar uma escada de vencimentos para garantir liquidez e segurança.
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Combinar Tesouro Direto com CDBs e debêntures para diversificar.
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