Sheila Karine Carapiá, artista de bebê reborn
| Foto: Reprodução/Instagram/@sheila_reborn
“A primeira pergunta que eu faço para o meu cliente é, por que você deseja um bebezinho reborn? Esse contato, essa conversa, para mim, ela é impreterivelmente importante. Eu preciso saber o motivo pelo qual a pessoa está buscando a reborn”, indaga.A produtora de bonecos reborn recebe demandas de um público diverso, mas em sua maioria adultos que ela aponta apresentarem “síndrome de ninho vazio”, “São pessoas que amam bonecas. Na sua infância não tiveram muitas oportunidades porque tinham que cuidar dos irmãos. E agora adultos, eles continuam com esse sonho”, conclui.Outros também já têm filhos grandes e na solidão buscam nas bonecas para preencher esse espaço, conforme a vendedora. Sheila Karine reforça também que muitas mulheres adultas que tiveram aborto espontâneo a procuram.
Não é que o bebê vai substituir o bebezinho que ela perdeu, mas é um acolhimento. Eles se sentem mais confortáveis. Naquele primeiro momento, a reborn vira um refúgio.
Sheila Karine Carapiá – Artista de bebê reborn
Quanto custa a bebê reborn?A artista do boneco realista explica que hoje em dia há uma grande variação de preços de acordo com a complexidade dos materiais na produção dos bebês reborn. No mercado pirata, pode-se achar cópias de R$100,00 a R$500,00, mas uma original produzida artesanalmente, pode ultrapassar o valor de R$4.000,00, aponta a produtora.
Sheila Carapiá cobra a partir de R$1.000,00 em suas produções
| Foto: Reprodução/Instagram/@sheila_reborn
Sheila Carapiá ressalta ainda que durante épocas do ano como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Natal muitas pessoas a procuram para comprar e presentear os entes queridos. A artista cobra a partir de R$1.000,00 na produção de bebês reborn originais.“Realidade plástica”Em tempos de inteligência artificial, e realidades irreais vistas em novelas e séries como “Black Mirror”, o que antes era visto apenas em ficção tem se tornado cada dia mais próximo da realidade.
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A partir do termo “realidade plástica”, usado por Camila Couto, ela afirma que a realidade de mães de bebês reborn é semelhante a ideia da família de comercial de margarina, “porque ela não vivencia a realidade que é ter um filho na vida real”, aponta.
A gente está falando de pessoas que às vezes vivem em um universo de adoecimento psíquico, que fantasiam uma vida onde elas teriam esse acesso a um meio de convivência que é muito difundido em televisões, cinemas, nas séries; que é essa vida da família de comercial de margarina.
Camila Couto e Cruz – Psicóloga clínica e PhD em Psicologia Social pela University of Queensland
A psicóloga aponta ainda para como o fenômeno de criar uma realidade inexistente já tem se expandido ao redor do mundo em volta dos desejos das pessoas de procurarem algo que seja seu próprio espelho e atenda as expectativas delas por completo.“Esse é um movimento social que não está só circunscrito ao universo das mães de bebê reborn. Como exemplo, a gente tem um movimento crescente no Japão em que as pessoas estão se relacionando amorosamente com personagens criados a partir de Inteligência Artificial, e as pessoas podem escolher características físicas”, observa.Outras funçõesPara além da compra para o uso do cuidado ou como brinquedo, os bebês reborn podem auxiliar em diferentes áreas e questões específicas. A psicóloga Camila Couto, explica que o boneco realista tem usos profissionais como no manejo de questões relacionadas à saúde, em contexto obstétrico, por exemplo.Além de poder ser utilizado em terapia ocupacional para dar suporte no tratamento de pessoas que têm alguma neurodivergência, pessoas com autismo, com atraso no desenvolvimento, pessoas com idade avançada que desenvolveram alguma demência, como mal de Alzheimer.“Então, nesse contexto, a bebê ou bebê reborn, esses bonecos são utilizados para promover a saúde mental e gerar conexão, gerar um vínculo”, explica a especialista.