Motofaixas em BH podem levar ao remanejo de árvores e mudanças em canteiros e estacionamentos

A criação de pistas exclusivas para o tráfego de motos está sendo estudada pelo prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil). A possibilidade foi discutida na tarde dessa quinta-feira (10) em audiência pública da Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Segundo a subsecretária de Operações de Transporte e Trânsito da Superintendência de Mobilidade (Sumob), Jussara Bellavinha, para viabilizar as faixas exclusivas, seria necessário remover vagas de estacionamento e até canteiros com árvores em algumas vias da capital.

Clique no botão para entrar na comunidade do BHAZ no Whatsapp

ENTRAR

Vereadores, representantes da Superintendência de Mobilidade Urbana (Sumob), da BHTrans, das empresas de transporte por aplicativo e das categorias de motociclistas estiveram presentes na reunião convocada pelo vereador Bráulio Lara (Novo), que, em março deste ano, destinou emenda impositiva no valor de R$ 500 mil para a implantação das motofaixas no município.

Durante o encontro, Bellavinha afirmou que a implantação das motofaixas é uma vontade do atual prefeito e que estudos estão sendo feitos para avaliar onde os recursos podem ser implantados. No entanto, segundo ela, um dos principais desafios seria encontrar espaço para as novas faixas.

“A gente tem essa dificuldade de onde implantar, porque em Belo Horizonte nós chegamos a ter faixas com até 2,8 m de largura. Então, retirar uma faixa de tráfego para colocar a motofaixa a gente não coloca em perspectiva, porque a situação do tráfego em Belo Horizonte já é muito ruim, então vai ser um desgaste enorme”, pontua.

Para a subsecretária, a solução seria a retirada de estacionamentos, redução de canteiros centrais e remanejo de árvores. Atualmente, as motocicletas representam 16% do total de veículos em circulação em Belo Horizonte.

“Os dois corredores com maior número de acidentes de moto são a Cristiano Machado e a Antônio Carlos. Nenhum dos dois tem condição. Então precisamos desenvolver o projeto, porque tem pontos de estrangulanento”, diz.

Segurança pública

A questão dos acidentes envolvendo motociclistas foi apresentada na reunião como uma questão de segurança pública. Dados da Prefeitura de BH indicam que 75% das vítimas de acidentes de trânsito em Belo Horizonte são motociclistas. Jussara Bellavinha declarou que o problema é “uma epidemia na cidade” e que a quantidade de atropelamento por motos é outro dado preocupante. 

Bráulio Lara argumentou que vias exclusivas para motos são uma forma de melhorar a situação. O parlamentar citou a cidade de São Paulo como um exemplo bem sucedido, dizendo que nos locais onde foram implantadas as motofaixas o número de intercorrências diminuiu. 

A subsecretária da Sumob afirmou que a previsão é de que o projeto de implantação das motofaixas esteja pronto até julho deste ano, e que as reservas orçamentárias para esse fim sejam executadas até o final de 2025

Contexto

A especulação sobre motofaixas, também conhecidas como faixas azuis ou corredores para motos, ocorre em Belo Horizonte desde o ano passado, mas solidificou-se em janeiro deste ano. À época, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o superintendente regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais, Carlos Calazans, discutiram a possibilidade de implementação do recurso na cidade.

Segundo Calazans, o assunto foi abordado durante reunião entre ele e o secretário de Governo da PBH, Guilherme Daltro, em 21 daquele mês. “Foi o ponto mais positivo da reunião. Eu defendi que a faixa azul em BH não gera grande custo, mas gera um grande benefício”, destacou em entrevista ao BHAZ na oportunidade.

Baseado na adesão em São Paulo, o objetivo da proposta é organizar o fluxo de motociclistas e, com isso, reduzir os índices de acidentes em BH. “O prefeito [Ricardo Nunes (MDB)] afirma que [a faixa azul] reduziu os acidentes em 60%, é muita coisa”, disse Calazans. “Hoje existe uma guerra entre motos e carros na cidade. Se colocar a faixa azul na avenida do Contorno, na Amazonas, cria-se uma disciplina”, reforçou.

Em 2024, Belo Horizonte registrou mais de 15 mil ocorrências envolvendo motocicletas, um aumento de 12,6% em comparação com o ano anterior, quando foram contabilizados cerca de 13,4 mil acidentes, segundo levantamento da PBH.

Impedimento técnico

Em março deste ano, Braulio Lara (Novo) destinou emenda impositiva no valor de R$ 500 mil para a implantação das motofaixas no município. Os recursos são de execução obrigatória, mas a destinação feita pelo parlamentar está classificada com o status de impedimento técnico na última atualização divulgada pela Subsecretaria de Emendas Parlamentares Municipais.

Também em março, a Sumob confirmou ao BHAZ que demandou a autorização da implantação das motofaixas junto à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), já que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não prevê esse tipo de sinalização.

O post Motofaixas em BH podem levar ao remanejo de árvores e mudanças em canteiros e estacionamentos apareceu primeiro em BHAZ.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.