A relação entre Brasil e China atingiu um novo patamar com a assinatura de uma série de acordos estratégicos que somam bilhões de dólares em investimentos. O anúncio foi feito durante evento empresarial com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que celebrou a presença de centenas de empresas dos dois países e destacou o potencial inesgotável da cooperação bilateral.
Segundo Lula, o comércio entre Brasil e China cresceu cerca de 30 vezes desde 2003. Atualmente, a China ocupa a quinta posição entre os maiores investidores diretos no Brasil, com um estoque superior a US$ 54 bilhões. Esse avanço reflete o fortalecimento da relação estratégica entre os dois países ao longo dos últimos 50 anos.
Expansão econômica e estabilidade institucional
Durante o discurso, Lula ressaltou que o Brasil recuperou sua capacidade de planejamento estatal, e que programas como o Nova Indústria Brasil visam estimular parcerias produtivas entre empresas chinesas e brasileiras. O presidente destacou ainda que o país oferece estabilidade fiscal, política, jurídica e social — pilares fundamentais para atrair investimentos de longo prazo.
A menção à estabilidade social como razão legítima para governar reforçou o caráter inclusivo do projeto econômico brasileiro, que busca, segundo Lula, “colocar o dinheiro na mão do povo e fazer a economia girar por todos”.
Destaques dos acordos firmados
Inteligência Artificial e conectividade
Entre os acordos celebrados está o lançamento de um Centro Virtual de Pesquisa e Desenvolvimento em Inteligência Artificial, fruto da colaboração entre a estatal brasileira Dataprev e a gigante chinesa Huawei. O centro atuará em áreas como agricultura, saúde, mobilidade urbana e segurança pública.
Outra parceria relevante é a firmada entre a Telebras e a SpaceCU, que ampliará a oferta de satélites de baixa órbita, levando internet a regiões remotas do país, com foco na inclusão digital.
Saúde, energia e tecnologia limpa
Na área da saúde, oito acordos preveem transferência de tecnologia para a produção nacional de vacinas, medicamentos, insumos farmacêuticos e equipamentos médicos.
Já no campo da energia renovável, a cooperação entre o SENAI Simatec e o INDI permitirá a criação de um centro de P&D focado em energia solar, eólica e sistemas de abastecimento. Além disso, a expertise chinesa em minerais críticos ajudará o Brasil a desenvolver sua cadeia de valor em baterias elétricas.
Minérios estratégicos e transição energética
Com reservas abundantes de lítio, nióbio, cobre, urânio e outros minerais estratégicos, o Brasil desponta como um dos líderes da transição energética global. Sua matriz elétrica, composta por mais de 90% de fontes renováveis, está sendo complementada por medidas para descarbonizar o transporte, como o uso ampliado de biocombustíveis e incentivo ao hidrogênio verde.
Um novo marco legal foi aprovado para garantir segurança jurídica em investimentos de combustível sustentável de aviação.
Logística e infraestrutura intercontinental
Outro eixo central dos acordos envolve o desenvolvimento logístico. Projetos como o Corredor Ferroviário Leste-Oeste, que ligará o Brasil de ponta a ponta, e as rotas bioceânicas — que conectarão o Oceano Atlântico ao Pacífico — prometem transformar o comércio continental e reduzir em até 10 mil quilômetros a distância entre os dois países.
Também foi inaugurada recentemente uma nova rota marítima direta entre a China e os portos de Salvador e Santana, o que deverá impulsionar ainda mais o comércio com a região Norte e Nordeste.
Cooperação turística e cultural
Além dos acordos econômicos, o governo brasileiro pretende fomentar o intercâmbio turístico e ampliar as conexões aéreas entre os países. Lula recordou que o Brasil foi um dos primeiros a reconhecer a China como economia de mercado e afirmou que não se arrepende da decisão, reforçando o laço histórico de confiança entre as nações.
Aliança estratégica sem retorno
Ao final do discurso, Lula foi categórico: “Se depender do meu governo, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. Essa aliança é indestrutível.” Segundo o presidente, o futuro da cooperação Brasil-China será pautado por uma política comercial de via dupla — “ganha-ganha” —, com benefícios mútuos e respeito ao protagonismo do sul global.
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