RBHG11 e RBHY11 seguem com dividendos altos, mas CRIs problemáticos preocupam o mercado

Os fundos imobiliários RBHG11 (High Grade) e RBHY11 (High Yield), ambos geridos pela Rio Bravo, seguem com forte deságio em relação ao valor patrimonial das cotas, refletindo a preocupação do mercado com os CRIs problemáticos ainda não solucionados. Apesar da distribuição de dividendos robusta, a ausência de avanços concretos sobre os ativos inadimplentes tem limitado o interesse dos investidores e mantido os fundos em patamares de preço deprimidos.

Descontos expressivos nas cotas e dividendos consistentes

O RBHG11 encerrou março com cota patrimonial de R$ 86,35 e cota de mercado em torno de R$ 70,40, evidenciando um deságio superior a 18%. Já o RBHY11, com cota patrimonial de R$ 91,75, era negociado a R$ 79,83, também em forte desconto.

Apesar disso, os dividendos chamam atenção. O RBHY11 distribuiu R$ 1,05 por cota, o equivalente a 1,14% sobre o valor patrimonial e 1,25% sobre o preço de mercado. O RBHG11 distribuiu R$ 0,80, o que representa 0,93% do valor patrimonial e 1,14% sobre o valor de mercado.

CRIs problemáticos: Pesa e Eco seguem sem resolução

O que mais pesa sobre a percepção de risco dos fundos é a ausência de avanços nas soluções para os CRIs inadimplentes, especialmente o PESA, no RBHG11, e o ECO, no RBHY11.

No caso do PESA, a gestora informou que aguarda a conclusão da assembleia para reorganização da dívida, com expectativa de formalização até o fim de abril. A operação, no entanto, já vinha com solicitações de carência de juros até dezembro de 2025, o que adia qualquer resolução concreta no curto prazo.

Já o caso do ECO, no RBHY11, envolveu liquidação antecipada e está sendo discutido entre seguradora, advogados e investidores para acionar a cobertura do seguro. A crítica aqui recai sobre a falta de transparência anterior da gestora: embora o risco já fosse conhecido, a comunicação clara só veio após pressão do mercado.

Composição das carteiras e retorno real

Ambos os fundos possuem grande exposição a CRIs estruturados pela própria Rio Bravo, representando cerca de 80% das carteiras. No RBHY11, a carteira é dividida entre 47% IPCA e 45% CDI, com taxas médias elevadas: IPCA+11% e CDI+6,2%. Já o RBHG11 apresenta uma alocação mais concentrada em IPCA+7,5%, refletindo um perfil mais conservador.

A reserva acumulada também é destaque. O RBHY11 mantém R$ 0,93 por cota, enquanto o RBHG11 conta com R$ 0,95, valores que oferecem certa segurança para a manutenção dos rendimentos nos próximos meses.

Guidance mantido para 1º semestre

Mesmo com os desafios, a Rio Bravo manteve o guidance de distribuição de proventos:

  • RBHG11: entre R$ 0,70 e R$ 0,90 por cota. 
  • RBHY11: entre R$ 0,90 e R$ 1,10 por cota. 

Ambos os fundos estão entregando dividendos dentro ou próximos do teto dessa faixa projetada, o que reforça a consistência operacional, mesmo sob pressão dos ativos inadimplentes.

Estrutura dos fundos e possível fusão?

A discussão sobre a possível fusão entre RBHG11 e RBHY11 foi levantada por investidores e influenciadores. Argumenta-se que a junção poderia gerar ganho de escala, diluição de custos e portfólio mais robusto, considerando que o RBHY11 possui cerca de 3 mil cotistas e o RBHG11 cerca de 10 mil.

Contudo, a decisão depende de fatores regulatórios e, principalmente, da vontade dos próprios cotistas, que podem preferir manter estratégias diferenciadas de risco e retorno em fundos separados.

Dividendos seguem fortes, mas confiança precisa de reforço

RBHG11 e RBHY11 continuam entregando bons dividendos, com rentabilidades acima de 1% ao mês, impulsionadas pela queda do preço de mercado. No entanto, o mercado permanece cauteloso, aguardando desfechos mais claros sobre os CRIs em situação crítica, que impactam diretamente a credibilidade da gestão e o valuation dos fundos.

Enquanto isso, o investidor precisa ponderar entre o potencial de valorização com o deságio atual e os riscos atrelados à falta de previsibilidade na recuperação desses ativos.

 

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