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A trilogiaNo repertório, além das faixas inéditas de 3R [pt. II], o público poderá ouvir releituras do primeiro volume da trilogia e do álbum de estreia, Canto de Colibri. Com uma formação instrumental renovada, a Colibri promete uma apresentação imersiva, repleta de camadas, texturas e detalhes. “A gente acredita que a parada é transformar a experiência ao vivo do show em algo tão valioso, tão incrível que o CD é, na verdade, um convite para você chegar lá e viver, sabe”?.A história por trás da trilogia começa em 2019, com o lançamento do Canto de Colibri. A pandemia interrompeu os planos de divulgação, mas também provocou um mergulho criativo e profundo. Os integrantes da banda resolveram passar o isolamento social em Cachoeira do Itanhí, no interior. Lá eles iniciaram um processo coletivo. “Esse disco nasce de um momento de inquietação muito forte. Estávamos sentindo a urgência de expressar aquilo que nos atravessava como artistas e pessoas, diante do que o mundo se tornou”, diz Zé Neto.Esse período de reclusão e experimentação originou o álbum lançado hoje, que marca a consolidação estética do grupo. Segundo Zé Neto, a primeira parte do projeto traduz a euforia do reencontro e uma esperança frágil em meio à crise, enquanto este segundo disco, 3R Parte 2 – mergulha em temas mais sombrios e reflexivos. “Esse segundo disco carrega perdas pessoais, como a morte do meu pai e o impacto profundo que a pandemia teve na nossa forma de sentir e criar”, compartilha o cantor.Musicalmente, o álbum é uma tapeçaria que vai do rock progressivo ao jazz experimental, passando pela música eletrônica, afro-brasileira, folk e até renascentista. Cada integrante traz uma bagagem que se soma de forma fluida e orgânica no estúdio. “A gente se junta porque entende que esses mundos colidindo fazem sentido. Às vezes gravamos algo que parece um erro, mas vira a essência da música”, explica Zé. “A felicidade está no acidente”.Gravado entre 2023 e 2024 nos estúdios Cremenow e Mangus, o álbum apresenta uma sonoridade densa e catártica. As letras refletem isso: fragmentadas, poéticas, e muitas vezes abordando temas como perda, ausência e a busca por conexão.Há um lirismo desconcertante em versos como “a cidade me atravessa sem pedir licença” ou “me embriago do que ainda não sei sentir”. Não é um disco de respostas, mas de perguntas. Muitas dessas questões surgem da própria vivência dos músicos com as redes sociais, a instabilidade dos vínculos e a pressão por produtividade.Mas o ciclo ainda não está encerrado. O terceiro e último volume da trilogia já está em produção, e a banda pretende lançá-lo ainda em 2025. A expectativa é que esse capítulo final seja um fechamento, mas também uma abertura, um convite para o que vier depois. “A trilogia é um processo. Ela começou como uma tentativa de dar conta do presente, mas se tornou uma maneira de repensar o futuro também. Queremos continuar criando espaços de escuta, de troca, de afeto. Porque, no fundo, é isso: a arte ainda é um jeito de respirar”, diz Zé.Ainda segundo o cantor, a banda é formada por músicos que trazem diferentes vivências e influências, mas se encontram na vontade de experimentar, se arriscar e não se prender a rótulos. Isso se reflete na própria trajetória da banda, que surgiu nos bastidores da cena independente baiana e foi ganhando espaço por meio de uma postura fiel a si mesma. “Nunca corremos atrás de modinha. Queremos fazer sentido, não sucesso”, conclui.Colibri: Lançamento do disco 3R [pt. II] / Hoje, 20h / Sala do Coro do Teatro Castro Alves / R$ 40 e R$ 20 / Vendas: Sympla e bilheteria TCA*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.