‘Louvor canino’: cães que uivam com música de igreja em Minas viralizam na internet

Um grupo de cachorros do Centro-Oeste de Minas tem encantado internautas nas redes sociais. É que um vídeo publicado pela Associação de Proteção aos Animais de Candeias (Apacan), em 10 de abril, viralizou ao mostrar a matilha “professando sua fé” durante a execução de uma música religiosa. Segundo os especialistas, a reação é mais comum do que se imagina.

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As imagens gravadas por Elison José, morador da cidade, mostram um grupo de cães deitados na praça Monsenhor Joaquim de Castro, no Centro de Candeias. O sossego é interrompido quando os sinos da Igreja Matriz Nossa Senhora das Candeias começam a tocar, acompanhados por um louvor à Nossa Senhora Aparecida. Imediatamente, os animais se dirigem até a capela e começam a uivar.

Lilian Bonaccorsi, líder da Apacan, explica que o ‘louvor canino’ ocorre diariamente. “Muitos desses cães moram na rua. Como a gente cuida, põe água e ração na praça, eles se concentram por ali. Aí, na hora da Ave Maria, às seis da tarde, eles vão pra porta da igreja. É bem bonito e emocionante”, diz.

Segundo ela, o “mais devoto” do grupo é o cachorro Floquinho, que marca presença em todas os cultos religiosos. “Ele sabe todas as músicas, vai em todas as missas, até de madrugada. Esse é ‘rezador’ mesmo”, brinca Lilian. Floquinho também é conhecido por ser um cachorro estudioso. “Além da Apacan, eu trabalho numa escola de Candeias, e ele sempre aparece por aqui”, ri.

Floquinho, o cão ‘rezador’ (Arquivo pessoal)

Explicações

Embora inusitado, o fenômeno de cães ‘rezadores’ tem explicação científica. Segundo Angélica da Silva Vasconcellos, professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e pesquisadora na área de comportamento e bem-estar animal, a mobilização dos cachorros pode ter dois motivos: a busca por recompensas ou a manifestação de ligeiro incômodo.

“Uma das possibilidades é o condicionamento. Provavelmente, quando toca o sino, as pessoas se aproximam da igreja. Nisso, os cães são recompensados com carinho, com algum alimento, e ficam condicionados, isto é, se acostumam a repetir a ação sempre que ouvem aquele som. Eu diria que essa é a explicação mais provável”, aponta a professora.

“A outra, tem a ver com o fato deles uivarem. Os cães têm uma audição muito mais apurada do que a nossa, então, um barulho alto pode incomodar. Nesse caso, uivar é uma forma de manifestar esse incômodo, um tentativa de eliminar aquilo”, apresenta Angélica. Segundo ela, entretanto, o som não é nocivo para a saúde dos animais. “Se fosse insuportável, em vez de se aproximarem, eles se afastariam”, afirma.

Ajude!

Apesar de ser considerado fofo, o registro compartilhado pela Apacan escancara o problema dos animais abandonados em Candeias. De acordo com Lilian, a Associação não é capaz de ajudar a todos.

“Nós temos um galpão e fazemos o resgate de alguns animais. Tentamos cuidar dos doentes, dos filhotes abandonados, dos idosos, aqueles que não têm condições de sobreviver sozinhos, mas ainda sobram muitos. Nosso esforço vai na medida do possível”, diz.

O coletivo conta ajuda financeira da Prefeitura de Candeias, que paga o aluguel do espaço utilizado e o salário de uma funcionária, mas, ainda assim, depende de doações. “A gente precisa comprar remédio, ração e várias outras coisas, né? O vídeo dos cachorros viralizou, porém, não conseguimos monetizar com ele”, conta.

A Apacan aceita doações de quaisquer valores. Doe pelo CNPJ 34.376.531/0001-03.

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