VÍDEO: Câmera flagra abandono de filhotes de cachorra no bairro Havaí, em BH

Um homem foi flagrado abandonando três filhotes de cachorro na rua José Cambraia do Nascimento, no bairro Havaí, na região Oeste de Belo Horizonte. O crime, registrado por câmeras de segurança, ocorreu no último sábado (10). As imagens mostram o homem saindo de um carro branco, retirando os animais do banco de trás e os deixando na calçada, ao lado de uma caixa de papelão e uma vasilha com leite.

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Ao BHAZ, a professora Angélica Chagas, de 45 anos, conta que estava na casa da mãe quando recebeu a notícia de que os filhotes haviam sido abandonados em frente à sua casa. “Eu já tenho seis cachorros e, quando saio, deixo alguém cuidando deles”, explica. Segundo Angélica, foi esse cuidador quem viu o homem abandonando os filhotes. “Ele me ligou, disse o que aconteceu e que tinha colocado os cachorrinhos na minha garagem, porque não tinha condições nenhuma de deixá-los na rua”, complementa.

A professora supõe que os filhotes não tenham sequer 50 dias de vida. “Eles ainda estão na fase da amamentação, tanto que ele deixou uma vasilha com leite. São muito pequenos e frágeis. Além disso, eles estão com sinais de maus-tratos, como falta de pelo, pele dura e dermatite”, afirma ela. Um deles ainda está com o rabo ferido.

Filhote com o rabo ferido (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Adoção

Agora, Angélica busca ajuda para dar o tratamento adequado aos cachorros e encontrar um lar para eles. “Se eu pudesse, ficava com todos, mas, infelizmente, não tenho condições financeiras de criar nove animais“. Para a professora, a indignação se mistura ao sentimento de impotência. “Ele abandonou os cachorros e transferiu a responsabilidade que era dele. Agora, estou fazendo o possível para que consigam um lar”, destaca.

A protetora de animais também chama atenção para um problema que, infelizmente, ainda é muito comum: várias pessoas só se interessam por filhotes saudáveis. “Uma pessoa até entrou em contato comigo interessada, mas quando expliquei que eles precisariam de cuidados, ela desistiu”, conta ela.

Conforme Angélica, os filhotes — duas fêmeas e um macho — ainda estão para adoção e os interessados podem entrar em contato com ela através do telefone (31) 99161-1788.

Abandonar animais é crime

Apesar de ainda ser comum, o abandono de animais é crime previsto na legislação brasileira. Desde a criação da Lei Federal 14.064/20, a prática passou a ser considerada maus-tratos no caso de cães e gatos, com pena que varia de dois a cinco anos de prisão, além de multa e proibição da guarda do animal. A norma ficou conhecida como Lei Sansão, em homenagem ao pitbull que teve as patas traseiras decepadas em 2020, em Confins, na Grande BH.

Para a presidente da ONG Sociedade Mineira Protetora dos Animais (SMPA), Patrícia Dultra, a responsabilização precisa ir além de quem abandona. “O animal que está na rua é responsabilidade do poder público, mas, na prática, eles ficam à mercê da boa ação da população”, afirma. “A gente vê um cachorro doente ou largado e já sabe que vai sobrar para alguém da vizinhança, para alguma protetora, ou para quem tiver compaixão. Isso está errado”, destaca.

Segundo Patrícia, o problema é estrutural. “O abandono acontece porque há um ciclo completo de negligência. Começa na falta de castração em massa, na ausência de campanhas de conscientização, e termina no abandono”, afirma ela.

‘Cadeia de injustiça’

Ela explica que não é raro ver situações em que o animal abandonado ainda impõe mais sobrecarga a quem tenta ajudar. “É uma cadeia de injustiça. A pessoa larga o bicho e quem arca com tudo é quem acolhe: leva ao veterinário, compra ração, remédio, vacina. E o Estado segue omisso.”

A ativista também destaca a falta de preparo das autoridades para lidar com esses crimes. “A maioria das pessoas nem sabe que abandonar é crime. E quando denuncia, muitas vezes não há resposta. Sem fiscalização e punição, o problema só aumenta.”

Para Patrícia, a mudança passa por pilares como educação, punição e ação do poder público. “Não adianta só contar com o coração bom das pessoas. A gente precisa de uma rede de apoio estruturada, com abrigos temporários, políticas de saúde pública para os animais e campanhas permanentes. Só assim o abandono vai deixar de ser naturalizado”, conclui ela.

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