O Drex, nova moeda digital desenvolvida pelo Banco Central, tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2026. Apresentado como símbolo de modernização e inclusão financeira, o projeto está em fase inicial de testes, voltado primeiramente a instituições financeiras. No entanto, por trás da promessa de eficiência, existe um risco profundo à liberdade e à privacidade dos cidadãos.
O que é o Drex e como vai funcionar
O Drex é a versão digital do real, um CBDC (moeda digital emitida por banco central) que, ao contrário das criptomoedas descentralizadas como o Bitcoin, será 100% controlado pelo Banco Central. A ideia inicial era usar blockchain, mas optou-se por uma tecnologia centralizada, sob o argumento de eficiência operacional. Isso significa que o Banco Central será o único agente com acesso a todas as transações realizadas com Drex — e ninguém mais poderá auditá-las.
A principal função do Drex será facilitar a tokenização de ativos — como imóveis e carros — permitindo transações digitais instantâneas e seguras entre sistemas diferentes. A proposta é que, futuramente, até contratos possam ser firmados e executados automaticamente via tokens.
Programabilidade: o dinheiro com regras embutidas
O principal ponto de alerta é a “programabilidade” do Drex. Essa função permite que o dinheiro digital venha com comandos embutidos: ele pode ter validade (como expirar em 30 dias), ser usado apenas para fins específicos (como compra de alimentos saudáveis), ou proibir certos usos (como bebidas alcoólicas ou transferências para determinadas pessoas).
Esse modelo já foi testado na China, com o Yuan digital, usado para controlar o consumo populacional. O dinheiro emitido pode ser bloqueado ou expirar automaticamente, de acordo com diretrizes governamentais.
Rastreabilidade e controle em massa
Outra característica polêmica é a rastreabilidade total. Com o Drex, cada transação poderá ser monitorada em tempo real pelo governo. Isso representa uma ruptura radical com o atual sistema financeiro, onde parte das movimentações ainda pode ser feita de forma privada.
Na prática, isso pode se transformar em um sistema de crédito social semelhante ao da China, onde o governo premia ou pune cidadãos com base em seu comportamento financeiro. Ir a uma manifestação contrária ao governo, por exemplo, poderia significar perda de acesso ao dinheiro.
Casos internacionais que servem de alerta
Em países como a Nigéria, a introdução forçada de moeda digital gerou caos: o governo limitou saques de dinheiro físico, forçando a população a aderir ao sistema digital. O resultado foram protestos, empresas falindo por falta de liquidez e pessoas impedidas de comprar itens básicos.
Nos Estados Unidos, a Câmara dos Representantes aprovou em 2025 uma lei anti-CBDC para evitar que o Federal Reserve tenha poder sobre o dinheiro dos cidadãos. Estados como Flórida, Texas e Carolina do Norte já consideram medidas para proibir o uso desse tipo de moeda. A União Europeia e o Canadá também enfrentam forte resistência à adoção irrestrita das moedas digitais oficiais.
O que esperar da implementação no Brasil
O cronograma atual prevê o lançamento da primeira fase do Drex em 2026, voltado ao mercado financeiro. Entre 2027 e 2030, o Drex poderá ser estendido ao varejo — isto é, diretamente para o consumidor final. É nesse momento que os riscos se intensificam.
Embora o Drex traga vantagens em agilidade e segurança, ele também representa um ponto de inflexão: pode transformar o dinheiro em uma ferramenta de controle social, capaz de interferir diretamente na liberdade individual.
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