A guerra comercial entre China e Estados Unidos ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (11), após o governo chinês anunciar um aumento agressivo nas tarifas sobre produtos americanos. As taxas saltaram de 84% para 125%, numa clara retaliação às sobretaxas impostas por Washington. A nova medida entra em vigor já neste sábado (12), segundo comunicado oficial do governo chinês.
A decisão de Pequim é uma resposta direta às tarifas totais de até 145% que os EUA vêm aplicando sobre importações chinesas, abrangendo produtos como aço, alumínio e automóveis. Segundo a nota divulgada pelo governo chinês, os produtos norte-americanos já não são mais competitivos no mercado local e, se os Estados Unidos continuarem com a escalada tarifária, Pequim “vai simplesmente ignorar as ações de Washington”.
Impactos imediatos nos mercados globais
O anúncio chinês repercutiu com força nos mercados financeiros globais. O dólar sofreu forte pressão e atingiu a menor cotação frente ao euro em mais de três anos. Enquanto isso, as bolsas europeias operaram com volatilidade, refletindo o temor de uma escalada ainda maior no conflito comercial. Em Tóquio, o índice Nikkei encerrou a semana com uma queda expressiva de 2,95%.
Essa reação dos mercados demonstra a sensibilidade dos investidores ao impasse entre as duas maiores economias do planeta. A incerteza quanto à estabilidade das cadeias de suprimento e aos impactos sobre o comércio global pressiona as moedas, os preços das commodities e o apetite por risco.
Trump mantém postura agressiva, apesar de pausa parcial
O aumento das tarifas por parte da China ocorre poucos dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado uma pausa de 90 dias na imposição de novas tarifas contra 60 países parceiros — com uma exceção notável: a China. Ainda assim, o governo norte-americano manteve tarifas mínimas de 10% sobre uma série de produtos, além de sobretaxas de 25% sobre aço, alumínio e veículos.
Essa postura foi interpretada por analistas como um movimento calculado de Trump para manter a pressão sobre Pequim, ao mesmo tempo em que tenta reduzir tensões com outros aliados comerciais. Contudo, a retaliação chinesa demonstra que o país asiático está disposto a enfrentar os custos econômicos de uma guerra comercial prolongada.
Apelo de Xi Jinping à União Europeia
Diante da escalada no conflito, o presidente da China, Xi Jinping, fez um apelo à União Europeia para uma atuação conjunta em defesa do multilateralismo e contra o que chamou de “intimidação econômica” por parte dos Estados Unidos. A fala do líder chinês indica uma tentativa estratégica de formar alianças que possam conter o avanço do protecionismo americano.
Especialistas afirmam que a China busca reforçar sua imagem como defensora do comércio global, aproveitando-se do vácuo deixado pelos Estados Unidos na liderança de fóruns multilaterais.
Risco de recessão global e desaceleração do comércio
Economistas alertam que o prolongamento da guerra comercial pode ter efeitos devastadores sobre o crescimento global. Tarifas mais altas significam aumento nos custos de produção, encarecimento de bens de consumo, distorções no comércio e aumento da inflação. A médio prazo, isso pode levar à desaceleração econômica nos dois países — e arrastar outras economias no processo.
Além disso, setores altamente dependentes de exportações, como o de tecnologia, maquinário pesado e agronegócio, devem sentir os efeitos da queda na demanda e das barreiras impostas.
Tensão sem trégua à vista
Com a nova rodada de tarifas, a guerra comercial entre China e EUA parece longe do fim. As decisões tomadas por Trump e Xi Jinping nos próximos dias serão cruciais para definir o rumo dessa disputa. O mercado, por sua vez, segue atento — e nervoso — diante de cada nova declaração ou medida oficial.
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