Infracommerce reduz prejuízo em 54% e avança no plano de reestruturação

A Infracommerce (IFCM3), empresa especializada em soluções de e-commerce B2B e B2C, apresentou os resultados do primeiro trimestre de 2025 com sinais claros de avanço no processo de reestruturação. O prejuízo líquido da companhia recuou 54%, saindo de R$ 90,3 milhões no 1T24 para R$ 44,8 milhões neste trimestre. A melhora nos números vem acompanhada de ajustes operacionais, corte de despesas e novas parcerias estratégicas.

Recuperação gradual: prejuízo ainda existe, mas em queda

O plano de turnaround anunciado pela Infracommerce começa a mostrar resultados concretos. Além da queda expressiva no prejuízo, o EBITDA ajustado da companhia avançou 57% na comparação anual, sinalizando uma tentativa consistente de retomada de eficiência. O volume bruto de mercadorias (GMV) chegou a R$ 3,3 bilhões, aumento de 4,4% em relação ao trimestre anterior, demonstrando recuperação nas operações.

Apesar desses avanços, a receita líquida somou R$ 184 milhões, o que representa uma queda de 6,8% frente ao mesmo período do ano passado. Segundo a própria gestão, o foco está em estabilizar o negócio no Brasil e elevar a margem operacional, mesmo com a retração nas receitas totais.

Custos sob controle e foco em eficiência operacional

Um dos pilares do plano de reestruturação tem sido o controle rigoroso de despesas. No 1T25, a Infracommerce reduziu seus custos e despesas totais em 30%, atingindo R$ 190,5 milhões. Esse movimento indica que a empresa está buscando ganhar fôlego financeiro para enfrentar suas obrigações, como a amortização de aquisições passadas, que ainda impactam seu balanço.

Parcerias estratégicas com os Correios e Shiseido

Como parte da nova fase, a Infracommerce firmou parcerias importantes. A primeira delas com os Correios, ampliando sua presença no setor de marketplaces, e a segunda com a multinacional de cosméticos Shiseido. Ambas as alianças reforçam o posicionamento da empresa em segmentos de valor agregado e alta escalabilidade.

Com presença em nove países e mais de 2 mil colaboradores, a companhia sinaliza que segue firme na execução de sua reestruturação, com o Brasil como principal mercado e foco de atuação.

Cotação segue pressionada: IFCM3 acumula queda de 99%

Apesar das melhorias operacionais, a ação IFCM3 continua sendo negociada na casa dos centavos, com cotação atual em R$ 0,09. Desde o início da negociação em Bolsa, o papel acumula uma desvalorização de 99%. O modelo de valuation do InvestPro ainda estima um preço-alvo de R$ 0,12 para a ação, o que representaria um potencial de valorização de 34%, mas com alto grau de incerteza.

A baixa rentabilidade e os fundamentos fragilizados da empresa tornam o valuation tradicional ineficaz, com indicadores como P/L e ROE distorcidos ou indefinidos. Além disso, o fluxo de caixa segue muito pressionado, conforme apontado por analistas da plataforma.

Sinais do mercado: queda nas ações alugadas e estabilidade entre controladores

Outro ponto relevante é a redução das ações alugadas para fins de venda a descoberto. A taxa de aluguel, que já chegou a 21% ao ano, recuou para 1,7%, e o percentual de ações alugadas caiu de 7% para apenas 2,5%. Isso pode indicar diminuição no apetite por apostas contra a empresa e até mesmo um possível espaço para reversão pontual, em caso de melhora na percepção do mercado.

Adicionalmente, os registros recentes não indicam novas vendas por parte dos controladores, o que pode reforçar uma postura de confiança da gestão no processo de virada.

Turnaround ainda depende de provas mais consistentes

Na carta enviada aos investidores, o CEO Mariano Gomide destaca que a empresa concluiu os principais elementos da reconstrução e inicia uma nova etapa voltada à ambição de crescimento. No entanto, analistas alertam que ainda há um longo caminho até a geração de lucros recorrentes e melhora sustentável nos indicadores de solvência e rentabilidade.

O ambiente macroeconômico, as pressões sobre o consumo digital e a alta competição no setor são desafios adicionais que podem atrasar a plena recuperação da Infracommerce.

A redução do prejuízo e os esforços de corte de custos mostram que a Infracommerce está, de fato, tentando se reposicionar no mercado. Contudo, o cenário ainda inspira cautela, especialmente para o investidor que busca fundamentos sólidos e previsibilidade de resultados. O plano de reestruturação avança, mas a trajetória de recuperação dependerá da capacidade da empresa em manter o controle financeiro e reconquistar a confiança do mercado.

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