Após registrar a segunda máxima histórica da semana, superando os 139 mil pontos, o Ibovespa opera em queda nesta quinta-feira (16), voltando aos 138.800 pontos. O recuo ocorre em um cenário de cautela dos investidores diante da divulgação de novos balanços corporativos, incertezas geopolíticas e anúncios relevantes no setor empresarial e sanitário.
Balanços empresariais movimentam mercado
A temporada de divulgação de resultados segue como o principal catalisador do mercado nesta semana. Com várias empresas do Ibovespa apresentando seus números trimestrais, analistas e investidores ajustam suas projeções e estratégias, influenciando diretamente o comportamento do índice.
Empresas de setores estratégicos como alimentos, energia, varejo e financeiro têm apresentado resultados mistos, o que tem gerado volatilidade nos pregões mais recentes. O mercado observa com atenção os impactos da Selic elevada, da inflação e da atividade econômica ainda fragilizada sobre as margens e os lucros.
Marfrig incorpora BRF e cria gigante MBRF
Um dos maiores destaques do dia é o anúncio da Marfrig (MRFG3), que comunicou a incorporação total da BRF (BRFS3), consolidando a fusão entre as duas companhias e dando origem à MBRF. A operação tem como objetivo aumentar a competitividade no setor de alimentos, ampliar presença internacional e gerar sinergias operacionais.
A expectativa do mercado é que a MBRF possa fortalecer seu posicionamento global, especialmente em mercados como China e Oriente Médio. O anúncio impactou as ações das duas companhias e gerou debates sobre os reflexos nos concorrentes e na cadeia de suprimentos.
Gripe aviária atinge granja no RS e acende alerta
Outro fator que chamou atenção foi a confirmação de um surto de gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria da Agricultura do estado, 17 mil aves foram abatidas após a detecção da doença. Também foram registradas mortes de patos e cisnes em um zoológico.
Essa é a primeira ocorrência em granja comercial no Brasil, o que coloca em alerta o setor agropecuário e pode gerar impactos nas exportações. A ministra da Agricultura ainda não anunciou novas medidas, mas o setor já discute protocolos de contenção para evitar prejuízos maiores.
Dólar e cenário internacional: tarifas de Trump no radar
No cenário internacional, o dólar opera próximo à estabilidade, cotado a R$ 5,67. O câmbio reflete a tensão provocada pelas novas ameaças tarifárias do ex-presidente Donald Trump, que voltou a sinalizar restrições comerciais a países que não chegarem a acordos com os Estados Unidos.
Durante um evento em Abu Dhabi, Trump afirmou que dará algumas semanas para os países negociantes antes de enviar cartas com os novos valores das tarifas. Em abril, ele havia suspendido as tarifas recíprocas por 90 dias, em busca de acordos. O prazo se aproxima do fim e a retórica protecionista volta a pressionar os mercados globais.
Dados econômicos dos EUA e impactos defasados
Nos Estados Unidos, novos dados econômicos foram divulgados e vieram abaixo do esperado, segundo o economista sênior do Bradesco, Vítor de Holanda Jó. Ele ressaltou que ainda não há repasse efetivo das tarifas para os indicadores, pois essas medidas levam tempo para afetar os resultados, devendo aparecer mais claramente nos dados de junho e julho.
Apesar da frustração com os números, o mercado financeiro reagiu de forma relativamente benigna, ponderando que os efeitos negativos das tarifas ainda estão por vir.
Perspectivas para o Ibovespa
O mercado brasileiro se mantém sensível a fatores internos e externos. O comportamento do Ibovespa hoje mostra que, apesar do otimismo recente com as máximas históricas, o investidor segue cauteloso diante de ruídos políticos, riscos sanitários e a complexidade do ambiente internacional.
A expectativa é que a volatilidade continue nos próximos dias, com foco na divulgação dos resultados corporativos, nas políticas comerciais dos EUA e no avanço de problemas sanitários como a gripe aviária. Esses elementos devem definir os rumos do índice no curto prazo.
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