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Segundo Paulo, o livro também foi uma forma de elaborar o luto, ainda que mescle elementos reais e ficcionais. A narrativa, contada em primeira pessoa, é conduzida por uma senhora idosa, que aparenta sofrer de um tipo de demência. Em meio a delírios, memórias e sonhos, a protagonista denuncia o abandono, o esquecimento e os maus-tratos sofridos por mulheres e idosos.O autor ressalta que, embora o livro tenha sido escrito por um homem, sua construção narrativa foi profundamente inspirada nos relatos de mulheres que ele ouviu ao longo de mais de 20 anos de atuação como psicanalista. “Há 20 anos eu escuto muitas mulheres. Então tem de tudo ali. A primeira pessoa a ler esse livro foi uma paciente minha. Ela terminou e disse: ‘É a minha história’”.Essa identificação é, segundo Paulo, uma das reações mais esperadas do público. Assim como ocorreu com sua paciente, ele acredita que muitas outras mulheres também irão se reconhecer na trajetória da protagonista. Um dos recursos adotados para intensificar essa conexão foi a opção por não nomear a personagem principal, permitindo que ela represente uma pluralidade de vozes femininas.Sobre o autor
| Foto: Divulgação
Assim como muitos escritores, Paulo Emanuel Machado iniciou sua trajetória literária escrevendo para uma coluna em um importante veículo jornalístico. No entanto, foram suas vivências místicas que contribuíram de forma decisiva para a construção de um estilo literário próprio, marcado por narrativas de forte densidade psicológica, teológica e social.“Tinha uma coluna de teatro. Naquela época, eu escrevia as peças, montava e atuava. Fazia de tudo. Depois entrei no mosteiro, fui monge por nove anos. Saí para fazer formação em filosofia e teologia, com o intuito de me tornar padre, mas desisti. Por fim, tornei-me professor e psicanalista”, relata o autor.Segundo ele, em todas essas fases, a paixão pela escrita sempre esteve presente, embora, por muito tempo, se tratasse de uma produção íntima e sem pretensão de publicação. “Escrever, para mim, é uma forma de estruturar minha história, minha vida — e também de compreender a história do mundo”, afirma Paulo.Foi durante sua atuação como professor e psicanalista que ele passou a reconhecer o potencial público de seus escritos. Pessoas próximas, como alunos e pacientes, que tinham acesso a seus textos, começaram a incentivá-lo a publicar. De lá para cá já escreveu os títulos: A Tempestade, Você não pode ser o oceano, A História do Mar, Mar Silencioso e A Criança Quebrada ou O Monge Que Inventou o Mar. Nas obras, a linguagem literária se entrelaça a reflexões existenciais profundas.LançamentoPaulo Emanuel Machado afirma que o lançamento de O dia de hoje terminou será mais do que um evento literário — será uma oportunidade de reflexão sobre os tempos sombrios em que vivemos e sobre a luz possível que ainda encontramos na arte, na fé e na palavra escrita.“Vivemos em uma sociedade com um discurso politicamente correto, mas com práticas que estão longe de ser éticas. É uma sociedade que não respeita muitas pessoas e que está, claramente, caminhando para o caos”, declara o autor. “Este livro é uma tentativa de unir fé e vida. Eu ofereço a espiritualidade como uma saída em momentos de limite. Porque, se você ficar olhando só para o que está aqui, à sua volta, você se desespera. É melhor olhar para cima”, afirma.O autor reforça que deseja ser lido porque acredita na força das ideias presentes na obra. “Tem ideias legais ali. Coisas que eu quero compartilhar, que não quero que fiquem só comigo”, diz. Para ele, a literatura é uma via de diálogo e expansão. “A gente precisa se encontrar para dialogar. É assim que a coisa se amplia”, acredita.O lançamento ocorrerá no dia 23 de maio (sexta-feira), às 18h, na Livraria LDM do Shopping Bela Vista. O livro estará disponível para compra no local por R$ 50.Lançamento do livro O dia de hoje terminou / Sexta-feira (23), 18h / Livraria LDM (Shopping Bela Vista) / Preço do livro: R$ 50*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.