Com o avanço das taxas de juros no Brasil e no mundo, muitos investidores voltaram os olhos para o Tesouro IPCA+, um dos títulos mais buscados do Tesouro Direto. Atualmente, algumas versões desses papéis oferecem retornos que chegam a IPCA + 7% ou até mais, reacendendo o debate sobre a atratividade da renda fixa.
Mas será que vale mesmo trocar seus títulos antigos por outros com taxas maiores? E mais: investir em opções que prometem IPCA + 10%, líquido de imposto, seria uma jogada inteligente — ou uma cilada disfarçada de oportunidade?
Por que o Tesouro IPCA+ atrai tantos investidores?
Historicamente, o Tesouro IPCA+ tem se mostrado uma das opções de renda fixa mais rentáveis do mercado. Nos últimos 10 anos, esse tipo de papel superou inclusive o Ibovespa, o dólar e o ouro em rentabilidade média anual, ficando atrás apenas de grandes índices como Nasdaq e S&P 500.
Além disso, trata-se de um título público federal, considerado o investimento com menor risco de crédito no país, por contar com a garantia do governo. Mesmo que o risco de calote nunca seja zero, ele é considerado extremamente baixo. Isso porque grande parte da dívida pública é interna e o Estado tem controle sobre a emissão de moeda.
Oportunidade rara: taxas acima de 7% são incomuns
Segundo especialistas, taxas reais acima de 7% ao ano em títulos IPCA+ são raras, tendo ocorrido em apenas 5% dos dias nos últimos 15 anos. Por isso, esse tipo de janela é visto como oportunidade única, principalmente por investidores mais conservadores.
No entanto, nem tudo é tão simples quanto parece.
Vale a pena trocar títulos antigos por novos com IPCA+10?
A resposta curta: quase nunca. Isso porque, ao vender um título antigo com taxa menor (por exemplo, IPCA+6) para comprar outro mais atrativo (como IPCA+10), o investidor realiza um prejuízo imediato chamado deságio. Esse desconto no valor de venda serve para compensar a nova taxa do título mais recente.
Ou seja, o ganho adicional só existirá no papel — na prática, o valor final no vencimento pode ser o mesmo. E ainda pior: essa movimentação pode estar sendo incentivada por agentes que lucram com comissões sobre a operação, e não por interesse genuíno no resultado do investidor.
Cuidado com a “armadilha da taxa do dia”
Outro erro comum é acreditar que a taxa vigente hoje será a mesma nos próximos meses. O IPCA+ é excelente para formar patrimônio no longo prazo, mas comprar tudo de uma vez pode ser arriscado. Como as taxas mudam, o ideal é dividir os aportes ao longo do tempo, para suavizar o risco do chamado reinvestimento em taxas menores no futuro.
E o que dizer de títulos com IPCA+10 isentos de IR?
Atualmente, o mercado também oferece opções como CRAs e CRIs isentos de imposto de renda, pagando IPCA+10 ou até mais. No entanto, essas alternativas têm risco de crédito privado, sem garantia do Tesouro ou do FGC. Ou seja, se a empresa emissora quebrar, você pode perder tudo.
Apesar disso, existem oportunidades legítimas com boa classificação de risco, que podem fazer sentido em uma carteira diversificada e bem estruturada.
Tesouro IPCA+ ainda é o melhor título?
Depende do cenário. Em tempos de Selic elevada, os títulos pós-fixados ganham atratividade. Já quando a inflação está em queda, os pré-fixados podem se sobressair. O ideal, portanto, não é apostar tudo em um único tipo de indexador, mas combinar:
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Tesouro IPCA+ (atrelado à inflação)
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Tesouro Selic ou CDBs pós-fixados (atrelados à taxa básica)
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Tesouro Prefixado ou LCIs (com taxa definida)
Essa combinação protege o investidor contra diferentes cenários econômicos, seja de inflação alta, juros em queda ou recuperação da economia.
Comparativo com outros ativos
Ao lado de ações internacionais como o S&P 500 (com retorno de mais de 20% em reais no último ano), o IPCA+ continua sendo uma alternativa segura e rentável, principalmente para brasileiros que priorizam previsibilidade e proteção contra a inflação.
Além disso, fundos imobiliários de papel e investimentos em crédito privado bem selecionado também têm oferecido retornos competitivos.
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