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Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o impacto direto é estimado em cerca de 60 mil toneladas do produto brasileiro, representando aproximadamente 15% das exportações mensais do país.Isso a curto prazo. Caso as suspeitas de novos casos de gripe aviária em outros cinco estados sejam comprovadas, há grande chances de que o embargo de exportações seja intensificado.“Alguns países consideram fazer o embargo apenas para a parte sul do país, na cidade de Montenegro e no entorno. Se confirmado, esse embargo regionalizado não vai funcionar. Os países vão expandir esse embargo de uma forma nacional”, continuou ela.Por outro lado, há quem avalie uma queda no preço dos produtos avícolas, apesar de ser uma análise de um cenário de curto prazo. Juliana Inhaz aponta que o governo brasileiro tem o poder de decidir o que fará com a produção, neste momento em que a suspensão de exportação foi determinada em diversos países.“Parte da produção antes enviada para fora poderá ser redirecionada para outros mercados ou absorvida pelo consumo interno. Tal realocação da produção pode exercer uma pressão de baixa nos preços internos da carne de frango, ainda que temporariamente. A extensão dessa pressão dependerá da duração do embargo e da capacidade de encontrar novos mercados para exportação, além do tempo necessário para que os ofertantes ajustem sua oferta às novas condições da demanda”, disse a economista e professora da Insper.‘Ovos de ouro’O último dado do Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em abril, já registrou o aumento no acumulado do ano, quando o produto aumentou em 30,01%. Se nos últimos meses, os brasileiros tiveram que desembolsar mais para comprar o ovo da galinha, deverão se preparar ainda mais diante desta nova turbulência.O Brasil também presenciou uma escassez de ovos nos Estados Unidos, o que ajudou a alavancar a exportação do produto diante do aumento de preço. Apesar disso, Daniela Cardoso aponta que a exportação do ovo foi ínfima em comparação ao volume de abates de galinhas que o país deve ter.
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“A tendência é de que os preços aumentem. Mesmo nos Estados Unidos,em que tivemos um aumento recente do preço do ovo, em decorrência de uma exportação de ovos Estados Unidos, mas isso é pequeno diante do número de abates que teremos”, continua a especialista.Juliana Inhaz sugere que o cenário não seja de aumentos, mas sim de aumento de oferta, levando ao barateamento do preço de ovos: “A doença detectada no produto brasileiro faz com que parte do produto antes enviado para fora permaneça na economia doméstica, reforçando a oferta de ovos no Brasil, ainda que parte do produto tenha sido descartada”,“No entanto, o Brasil tem se preparado para elevar suas exportações de ovos em 2025, impulsionado pela escassez do produto nos Estados Unidos. Nesse contexto, a depender do posicionamento da economia americana nesta questão, o aumento da oferta doméstica pode ser parcialmente compensado pelo aumento da demanda externa, causando impacto limitar sobre o preço dos ovos”, continua ela.Carne vermelha mais caraCom a diminuição de aves e ovos, a oferta de produtos aviários é totalmente impactada, forçando o consumo de outras proteínas no mercado. Isso por um tempo, vai aumentar o preço das carnes vermelhas.“A tendência é de um efeito dominó, de aumento também na carne bovina, na carne suína e no peixe, porque como o Brasil, infelizmente, o brasileiro consome pouco peixe, e isso vai elevar o consumo. Mas outras carnes tendem a aumentar o preço, porque a procura por essas carnes vai aumentar. Apesar de termos um início de redução da inflação, teremos neste mês de abril, infelizmente um aumento no preço dos alimentos”, disse a professoraO que o governo brasileiro pode fazer?Juliana Inhaz aponta que apesar de ser um cenário de crise sanitária, que se estendeu para uma crise econômica, o Brasil pode tomar algumas ações para mitigar os efeitos negativos da suspensão de exportações, como o fortalecimento da vigilância sanitária e das regras que confirmam a qualidade do produto brasileiro e diversificação de mercados.“O país deveria aproveitar o momento para investir em sistemas de monitoramento e prevenção de doenças, de modo a evitar surtos que possam levar a novos embargos, e reforçar os critérios adequadamente alinhados aos padrões internacionais. O país deve buscar novos parceiros comerciais para reduzir a dependência dos principais países importadores”, disse ela.“Medidas complementares também poderiam ser pensadas, como reforçar a comunicação internacional acerca das medidas fitossanitárias adotadas para controle da crise, apoios emergenciais aos produtores mais afetados (com linhas de crédito mais atrativas) ou mesmo o planejamento de investimento em biossegurança e modernização das granjas”, continuou ela.