O fundo imobiliário RECR11, da REC Gestão, vem chamando atenção com distribuições mensais de proventos acima da média, como os R$ 0,836 por cota pagos recentemente. A rentabilidade representa um dividend yield de quase 2% ao mês, especialmente atrativa para cotistas que adquiriram cotas por volta de R$ 70. Apesar dos números, a falta de transparência na DRE do fundo levanta incertezas sobre a sustentabilidade desses pagamentos.
Proventos em alta: inflação ou lucro de venda de ativos?
Nos últimos meses, o RECR11 vem se beneficiando de dois possíveis fatores combinados:
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Correção monetária elevada nos CRIs indexados ao IPCA;
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Ganho de capital com a venda de fundos imobiliários adquiridos a preços descontados.
Exemplo disso pode ser a venda de posições como ICRI11, compradas a R$ 77 e revendidas a R$ 94 — um lucro estimado em 22%. Como o fundo tem cerca de R$ 98 milhões em FIIs de papel, estima-se que essas movimentações possam ter gerado mais de R$ 15 milhões em lucros potenciais, o que poderia justificar parte dos altos rendimentos. No entanto, como a DRE (Demonstração de Resultados) é considerada fraca e incompleta, os analistas não conseguem identificar claramente se esses proventos vêm de lucros recorrentes ou pontuais.
Compras e vendas movimentam o portfólio do RECR11
No último mês, o fundo realizou várias movimentações estratégicas:
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Compra de CRIs como o Realiza, o edifício BM336 (ex-VINO, vendido ao VEGRI) e outros atrelados ao IPCA e CDI+8%;
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Investimentos pulverizados em setores diversos como loteamento, hotelaria e incorporação;
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Vendas de FIIs como ICRI11 e IPS, que podem ter gerado lucros relevantes.
Além disso, houve a liquidação de CRIs antigos e a emissão de novos, como o Realiza 2025, refletindo a estratégia de renovação da carteira de crédito.
Rendimento elevado, mas sob risco de opacidade
Apesar do bom momento de distribuição, a gestora REC enfrenta críticas no mercado por problemas de governança e comunicação em diversos fundos sob sua administração. No caso do RECR11, a DRE pouco detalhada não permite aos cotistas identificar com clareza se os proventos vêm da inflação, da realização de lucros com FIIs ou de outros fatores não recorrentes.
A carteira está hoje 86% indexada ao IPCA, com taxas como IPCA+8% e CDI+5,86%, o que pode sustentar bons rendimentos no curto prazo. Contudo, a ausência de dados consolidados compromete a tomada de decisão de longo prazo pelos investidores.
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