A decisão entre consórcio ou financiamento é uma das mais comuns entre quem sonha em ter um carro próprio no Brasil. Com juros elevados e a inflação ainda pressionando os preços, entender o que realmente vale a pena se tornou fundamental. Em uma análise profunda com base em simulações reais, uma comparação entre essas duas opções revela não apenas o custo total de cada alternativa, mas também mostra que há um terceiro caminho, muitas vezes ignorado: investir e comprar à vista.
Juros altos mudam o jogo
O cenário atual, com a taxa Selic em 14,75% ao ano, impacta diretamente o custo do crédito no Brasil. Com isso, o financiamento de veículos chega a cobrar taxas de até 29,5% ao ano — o que equivale a juros mensais de cerca de 1,15%.
Já o consórcio, embora isento de juros, cobra taxas de administração e fundo de reserva, além de corrigir o valor da carta de crédito pela inflação (IPCA), o que encarece as parcelas ao longo do tempo.
Financiamento: acesso imediato, custo elevado
No financiamento, o carro é entregue imediatamente após o pagamento da entrada. Porém, o bem só será seu de fato após a quitação. Simulação com um valor financiado de R$ 54 mil em 66 parcelas revelou um custo total de R$ 100.437, considerando uma entrada de 10% e taxa de 29% ao ano.
Principais características:
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Entrada obrigatória (geralmente 10% a 20%)
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Entrega imediata do carro
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Juros elevados
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Possibilidade de amortização antecipada e redução do saldo devedor
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Parcelas fixas, sem reajuste pela inflação
Consórcio: menor custo, mas exige paciência (ou um bom lance)
Por outro lado, o consórcio oferece custo menor, mas não garante a entrega do carro no início. Para antecipar o recebimento, é necessário dar um lance — geralmente entre 40% e 60% do valor da carta.
Em uma simulação com carta de crédito de R$ 57.654, lance de R$ 20.756 e taxa de administração de 16,63%, o valor total pago foi de R$ 68.975 — significativamente menor que o financiamento. No entanto, as parcelas foram corrigidas anualmente por uma inflação projetada de 4%, elevando o custo mês a mês.
Pontos de atenção:
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Sem juros, mas com taxa de administração e correção inflacionária
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Não há amortização com desconto
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Parcelas aumentam ao longo do tempo
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É possível antecipar a contemplação com lance alto
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Em caso de contemplação precoce, a correção inflacionária continua
E se, em vez de comprar agora, você investisse?
Ao simular o investimento do valor do lance (R$ 20.756) e das parcelas mensais (corrigidas pela inflação) a uma rentabilidade média de 13% ao ano, o resultado surpreende.
Em 2 anos e 3 meses, o valor acumulado seria suficiente para comprar o mesmo carro à vista, com sobra. E se o investimento continuar até o fim dos 66 meses, o investidor não só teria o carro quitado como também R$ 46.000 a mais no bolso. No caso da simulação com o financiamento, a vantagem seria ainda maior: R$ 58.000 em rendimentos adicionais ao final do período.
Essa estratégia evidencia o alto custo de oportunidade de adquirir um carro por financiamento ou consórcio. Ao adiar a compra e deixar o dinheiro render, é possível obter o mesmo bem e ainda formar patrimônio.
Depreciação também conta
Outro ponto que pesa é a desvalorização do carro. Um veículo novo pode perder de 10% a 15% do valor por ano. Ao comprar financiado, o consumidor paga mais caro por um bem que se desvaloriza rapidamente. Já quem investe o valor correspondente e compra o carro após dois anos, adquire um seminovo por menos e ainda mantém parte do dinheiro investido.
Quando o consórcio faz sentido?
Mesmo com as ressalvas, o consórcio pode ser vantajoso em algumas situações:
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Quando há disciplina financeira e disposição para esperar a contemplação
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Para quem pretende adquirir o carro no futuro (por exemplo, para um filho)
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Em um cenário de juros elevados, como o atual
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Quando há possibilidade de dar um bom lance inicial
E o financiamento?
O financiamento só se justifica em casos específicos:
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Quando o carro é essencial para gerar renda (como motoristas de aplicativo)
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Quando não há recursos para um lance alto
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Quando o acesso imediato ao carro é indispensável
Consórcio, financiamento ou investir?
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Consórcio: mais barato que financiamento, mas exige paciência ou um lance alto.
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Financiamento: entrega rápida, porém com custo total muito maior.
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Investimento: a melhor alternativa em termos financeiros, para quem pode esperar.
Planejar antes de assumir uma dívida é essencial. A escolha certa depende do momento de vida, das condições econômicas e da finalidade do carro. Em tempos de juros altos, pensar duas vezes antes de financiar ou fazer consórcio pode significar milhares de reais economizados — e um patrimônio construído no processo.
O post Consórcio ou financiamento: qual é o jeito mais barato de comprar um carro em 2025? apareceu primeiro em O Petróleo.