Se você abriu sua conta na corretora e percebeu que seus fundos imobiliários estão no vermelho, não está sozinho. Com a inflação elevada, a Selic em alta e o dólar disparando, muitos investidores se encontram nessa situação. Mas calma: o momento exige estratégia, e não desespero. Neste artigo, vamos mostrar os principais erros que podem ter levado sua carteira a este cenário e o que fazer para evitar perdas maiores e transformar a crise em oportunidade.
O cenário atual: juros altos, bolsa em queda e dólar em disparada
Enquanto os Estados Unidos iniciam cortes de juros, o Brasil segue na direção oposta, elevando a Selic para conter a inflação. O Tesouro IPCA+ está oferecendo rentabilidades reais superiores a 7% ao ano, atraindo investidores para a renda fixa. Paralelamente, o dólar subiu quase 5% no último mês, o Bitcoin bateu novos recordes e a bolsa americana segue renovando máximas históricas.
No Brasil, o movimento é inverso: a bolsa acumula quedas expressivas, com os fundos imobiliários entre os mais afetados. Diante desse cenário, muitos investidores veem suas carteiras afundarem. Mas nem tudo está perdido: compreender a dinâmica do mercado é o primeiro passo para reverter a situação.
Erro 1: Comprar fundos imobiliários caros demais
Um erro clássico é comprar fundos imobiliários acima do preço justo, seduzido pela euforia do mercado. O investidor iniciante, muitas vezes, ignora indicadores como o Preço sobre Valor Patrimonial (P/VPA) e acaba pagando caro.
A lógica do mercado é clara: o ativo tende a retornar ao seu preço justo. Imagine um pêndulo: quando impulsionado, ele vai além do ponto de equilíbrio, mas inevitavelmente retorna. Assim acontece com os fundos imobiliários: quando o mercado corrige, quem comprou caro amarga prejuízos.
Exemplo real: O fundo MXRF11 chegou a um P/VPA de 1,39, muito acima do ideal, e depois recuou fortemente. Quem comprou no topo, hoje acumula perdas expressivas.
Erro 2: Escolher fundos problemáticos atraído por dividendos elevados
Outro erro frequente é investir em fundos imobiliários apenas pelo atrativo de dividendos altos, sem analisar a qualidade dos ativos e a saúde financeira do fundo.
Fundos arriscados, quando enfrentam problemas, sofrem quedas abruptas. Exemplos emblemáticos incluem:
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THRA11: queda de quase 60% apenas em 2024.
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HCTR11: perdas superiores a 80% nos últimos cinco anos.
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RECT11 e RBRR11: quedas que chegam a 40%.
Enquanto isso, fundos mais sólidos, como HGLG11 e HGCR11, também sofreram, mas com perdas muito mais moderadas.
Erro 3: Falta de diversificação
Diversificar não é clichê: é uma necessidade. Quem concentrou todo o patrimônio em fundos imobiliários provavelmente está vendo uma performance negativa.
Por outro lado, carteiras bem diversificadas conseguem compensar perdas em um ativo com ganhos em outro. Exemplo prático: mesmo com prejuízo de 7% nos fundos imobiliários, uma carteira diversificada pode manter rentabilidade positiva ao investir também em renda fixa, ações e até ativos internacionais.
Na prática: uma carteira diversificada conseguiu rendimento acumulado de quase 19% nos últimos 12 meses, superando índices como CDI, inflação e Ibovespa, mesmo com fundos imobiliários no negativo.
Erro 4: Ignorar o fator tempo
Se sua carteira existe há menos de dois anos, é natural que esteja no vermelho. Investimentos precisam de tempo para maturar, especialmente em um ambiente de inflação elevada e mercado em queda.
Exemplo: em outubro, o IPCA subiu 0,56%, enquanto fundos como o MXRF11 caíram mais de 7% no mesmo período. Essa dinâmica, repetida mês após mês, compromete a rentabilidade no curto prazo.
Porém, historicamente, quem persiste e investe por ciclos mais longos tende a superar índices de referência, acumulando ganhos importantes.
O que fazer agora para reverter o prejuízo?
1. Aproveite o caixa para comprar mais
Manter uma reserva de oportunidade — e não confundir com a reserva de emergência — é essencial. Por exemplo, se você tem R$ 100 mil investidos, mantenha cerca de 10% (R$ 10 mil) em caixa para aproveitar quedas.
Ao comprar mais cotas quando os fundos estão desvalorizados, você melhora seu preço médio e potencializa seus ganhos na recuperação do mercado.
Exemplo real: quem investiu no MXRF11 após a queda de quase 50% em 2012, viu seu patrimônio se valorizar mais de 26% na sequência.
2. Diversifique sua carteira
Não concentre todos os recursos em fundos imobiliários. Invista também em:
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Renda fixa brasileira: Tesouro IPCA+ oferece excelentes taxas.
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Mercado internacional: REITs (fundos imobiliários americanos) e ações globais.
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Criptomoedas: ativos como o Bitcoin têm mostrado resiliência e valorização.
Mesmo que a bolsa brasileira esteja em queda, é justamente nesse cenário que surgem as melhores oportunidades.
3. Foque em qualidade
Reveja sua carteira e elimine fundos problemáticos. Foque em fundos com boa gestão, ativos de qualidade, contratos sólidos e baixa inadimplência.
Mais importante que dividendos altos é a sustentabilidade dos pagamentos e a segurança patrimonial.
4. Paciência e consistência
O tempo é seu maior aliado. Não entre em pânico e não venda ativos no desespero. Siga investindo mensalmente, aproveitando os preços baixos para acumular mais cotas e construir patrimônio no longo prazo.
A história comprova: quem investe de forma consistente colhe os frutos após os ciclos de baixa.
Transforme o prejuízo em aprendizado e oportunidade
Se seus fundos imobiliários estão no vermelho, não se desespere. Use este momento como uma oportunidade para aprender, ajustar sua estratégia e fortalecer sua carteira.
Evite os erros comuns, diversifique, compre com qualidade e, principalmente, tenha paciência. O mercado é cíclico, e os investidores que entendem isso são os que prosperam no longo prazo.
Para aprofundar seu conhecimento e aprender a escolher as melhores ações, fundos imobiliários e investimentos internacionais, considere participar de treinamentos especializados e continuar estudando.
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