O dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,66, com alta de 0,35%, após o governo federal anunciar o congelamento de R$ 31,3 bilhões em gastos públicos. A decisão foi divulgada nesta segunda-feira (20) por meio do primeiro Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do ano, e gerou forte repercussão no mercado financeiro, que reagiu à combinação de bloqueios e contingenciamentos fiscais.
Governo bloqueia e contingencia despesas
De acordo com o relatório, o congelamento envolve dois mecanismos: um bloqueio de R$ 10,6 bilhões, considerado uma suspensão temporária das despesas, e um contingenciamento mais duradouro de R$ 20,7 bilhões. A medida visa garantir o cumprimento da regra fiscal e reforçar o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou que as ações são parte do esforço para alcançar a meta de déficit primário zero, conforme previsto no novo arcabouço fiscal. “Não precisamos esperar o próximo relatório bimestral para adotar medidas adicionais, se for necessário. A meta é clara e continuaremos perseguindo-a”, afirmou Haddad em coletiva de imprensa.
Mudanças no IOF buscam arrecadar R$ 1,5 bilhão
Além do congelamento de gastos, o governo também anunciou mudanças importantes no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), com o objetivo de reforçar a arrecadação. Segundo o Ministério da Fazenda, as alterações vão gerar um incremento de R$ 1,5 bilhão em receitas em 2025 e 2026.
Entre as principais mudanças, destaca-se o aumento do teto do IOF sobre crédito para empresas do Simples Nacional, que passou de 0,88% ao ano para 1,95%. Já para pessoas jurídicas em geral, a alíquota subiu de 1,88% para 3,95% ao ano. Também foi fixada em 3,5% a alíquota sobre empréstimos externos de curto prazo, especialmente em transferências de fundos aplicados no exterior.
Impacto imediato no câmbio e nas expectativas do mercado
A divulgação do relatório e das mudanças tributárias provocou uma reação imediata no mercado financeiro. A valorização do dólar reflete a percepção de maior risco fiscal e um ajuste na expectativa quanto ao fluxo de capitais estrangeiros. Investidores interpretam as medidas como sinal de comprometimento com o ajuste das contas públicas, mas também observam com cautela os efeitos sobre o crescimento econômico.
Analistas destacam que, embora o congelamento de gastos e o aumento do IOF contribuam para a meta de equilíbrio fiscal, podem gerar impactos negativos na atividade econômica, especialmente para pequenos e médios empreendedores que utilizam crédito.
Governo promete novas medidas ao longo do ano
O ministro Fernando Haddad adiantou que o governo deve anunciar novas medidas fiscais ao longo do ano, caso seja necessário para assegurar o cumprimento da meta fiscal. Segundo ele, uma nova medida estava prevista para ser divulgada juntamente com o relatório, mas ainda passa por deliberação final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estamos avaliando cuidadosamente cada ação, com foco no fortalecimento fiscal e na estabilidade macroeconômica do país”, acrescentou Haddad.
Setor aéreo registra recorde em abril
Em meio ao cenário de ajustes fiscais e volatilidade cambial, o setor aéreo brasileiro registrou um dado positivo: abril de 2025 foi o melhor da história para o transporte doméstico de passageiros. Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), 7,9 milhões de passageiros circularam em voos dentro do país no mês, um crescimento de 9,6% em relação ao mesmo período de 2024.
Os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, concentraram 26,75% do fluxo total, seguidos pelos aeroportos do Rio de Janeiro — Galeão e Santos Dumont — com 8,79%, e pelo aeroporto de Brasília, com 7,72%.
Expectativas para o mercado
Nos próximos dias, o mercado deve continuar atento aos desdobramentos das políticas fiscais do governo e aos movimentos do câmbio. A trajetória do dólar e os impactos das novas alíquotas do IOF sobre o crédito e o investimento serão temas centrais nas análises de economistas e investidores.
Especialistas alertam que, embora o ajuste fiscal seja necessário, ele precisa ser implementado de forma gradual e equilibrada para não comprometer a recuperação econômica, que já enfrenta desafios em razão do cenário internacional e das pressões inflacionárias.
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