Pesquisadores usam clonagem para criar maior jardim de cannabis do mundo em MG

A planta, que já é usada em medicamentos, agora pode ser empregada até na construção civil. Cientistas de MG criam jardim de Cannabis para uso em medicamentos e na indústria
Em Minas Gerais, cientistas usaram a clonagem para criar o maior jardim de cannabis do mundo. A planta, que já é usada em medicamentos, agora pode ser empregada até na construção civil.
Dentro de um ambiente vigiado 24 horas por dia, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa desenvolveram, com técnicas de clonagem, um jardim de cannabis.
Começaram com 14 sementes. Hoje, são mais de mil plantas.
“As mudas que eram clonadas dessas matrizes em vasos começaram a ser introduzidas aqui, onde a gente começou a aplicar os tratamentos de sucessivas podas. É o primeiro jardim clonado de cannabis do mundo. Ter uma opção técnica de produzir mudas de qualidade em larga escala, no menor custo e ocupando o menor espaço possível. Então, essa é uma grande inovação”, conta Gustavo Baesso, engenheiro florestal e pesquisador da UFV.
O estudo é realizado com o cânhamo, uma variedade da cannabis que tem baixo teor de tetrahidrocanabinol — o composto que causa efeitos psicoativos.
Parte do investimento vem da Embrapii, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial.
A cannabis é uma planta de origem asiática que gosta de clima quente, pouca água e se adaptou bem ao Brasil. O uso medicinal foi aprovado pela Anvisa em 2015, mas os pesquisadores da UFV querem dar outras utilidades à planta, utilizando desde a raiz até as flores.
A indústria farmacêutica usa o óleo extraído da flor me medicamentos para tratar de epilepsia, mal de Parkinson, esclerose múltipla, câncer e efeitos colaterais da quimioterapia.
O restante da planta segue para os laboratórios da universidade.
Galhos, folhas e raízes são desidratados e aquecidos em um forno. O material se transforma em biochar, um carvão vegetal.
“Ele vai ajudar na captação de nutrientes da sua cultura e, automaticamente, devido à sua porosidade, pode ajudar a reter água nesse solo também, em períodos secos”, explica Isabela Santana, estudante de engenharia florestal e responsável pela produção do biochar.
O caule da planta é rico em fibras resistentes para a fabricação de tecidos, cordas e papel.
“A cannabis é uma fibra que apresenta uma dupla aptidão, porque tem fibras longas e fibras curtas junto. A gente tá fazendo um processo de cozimento de todo o material da cannabis com aplicações do tipo parra embalagem ou para papéis higiênicos, papéis toalha…”, destaca Marcelo Moreira da Costa, professor de Química da Madeira e Biorrefinaria da UFV.
As fibras também podem ser incorporadas em tijolos.
“O cimento é altamente poluente, com emissões de gases, principalmente CO2. O que tem de diferencial nesse bloco, nesse tijolo, é que a quantidade de cimento que a gente utiliza é muito menor do que a de um bloco de concreto convencional”, afirma Leonardo Gonçalves, professor do Departamento de Engenharia Civil da UFV.
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