‘Por que só com a gente?’, questiona Djonga em debate sobre lei em BH que ‘criminaliza’ o funk

O que faz um ritmo musical ser tratado como ameaça? Esse foi o questionamento levantado pelo rapper Djonga durante a audiência pública realizada nesta terça (27), na Câmara de Belo Horizonte, que discute projetos de lei que teriam a intenção de ‘criminalizar’ o funk. Para ele, a perseguição não é apenas musical — é social. “Não se trata só de funk ou rap. O que está em jogo é raça, é classe, é a periferia”, disse.

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O mineiro, um dos maiores nomes do rap nacional, foi incisivo em sua fala ao criticar o avanço de projetos como a Lei “anti-Oruam” que atacam manifestações culturais periféricas. Segundo ele, essas propostas não são novidade e refletem um projeto político que já dava sinais claros de perseguição às comunidades.

Em tom de desabafo, ele também questionou a omissão de parte da população e até de artistas que “deixaram” vereadores, que assinam as propostas, chegarem ao poder. “Tem uma galera que decide as coisas desde que o mundo é mudo, tá ligado? E a gente continua deixando eles decidirem. Eles não chegaram [nesses cargos] sozinhos. Se a gente não participar, eles vão continuar a ocupar nosso espaço”.

O artista destacou ainda que o funk e o rap seguem sendo tratados como caso de polícia, enquanto outras expressões culturais recebem investimentos e incentivos públicos. “Por que ninguém questiona um cachê de R$ 1 milhão para um show de sertanejo em uma cidade de mil habitantes, mas questionam R$ 10 mil para um artista de funk se apresentar em Belo Horizonte? O problema não é o valor, é quem está recebendo. É quem pode ou não pode estar no centro”, afirmou.

Audiência

Dois projetos de lei que miram diretamente o funk e a produção cultural das periferias de Belo Horizonte foram tema da audiência pública nessa terça-feira (27), na Câmara Municipal. A reunião foi convocada pelos vereadores Juhlia Santos (Psol) e Pedro Rousseff (PT), que classificam as propostas como um ataque à liberdade de expressão e à cultura popular.

Os textos são de autoria dos vereadores Vile (PL) e Flávia Borja (DC). O PL 25/2025 proíbe que shows financiados com dinheiro público promovam “apologia ao crime organizado”, uso de drogas ou conteúdos de teor sexual explícito. Já o PL 89/2025 vai além: menciona diretamente o funk como estilo proibido e veta músicas com expressões de duplo sentido, apelo sexual ou linguagem considerada obscena.

Para os parlamentares que se opões às propostas, os projetos reforçam uma visão preconceituosa sobre a cultura das periferias de BH. “Esta audiência pública é, portanto, um momento de discutir as violações aos direitos e garantias fundamentais e à cidadania de todos os produtores e artistas de Belo Horizonte que podem ser impactados por esta medida”, enfatizam.

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