A atendente de locação Janaína Fernandes, de 29 anos, denuncia que foi vítima de racismo em uma Drogaria Araujo, localizada no bairro Mantiqueira, na região de Venda Nova em Belo Horizonte. A jovem, que é negra, contou que, ao sair da farmácia no último fim de semana, foi constrangida por três funcionários a abrir a sacola que carregava e mostrar o que havia dentro. Em nota ao BHAZ, a empresa comunicou que tenta contato com a cliente “para esclarecimentos e suportes necessários”.
O caso aconteceu no sábado (24), e o Boletim de Ocorrência foi registrado na segunda-feira (26). Ao BHAZ, Janaína contou que estava em uma manicure próxima à casa dela, e aproveitou para comprar dois batons no salão de beleza. Após pagar o procedimento, os produtos foram colocados em uma sacola pela manicure. Ao sair do local, a jovem decidiu visitar uma unidade recém-inaugurada da Drogaria Araujo.
“Naquele momento, ainda comentei com a minha manicure o quanto estava animada para conhecer a loja e conferir as promoções. Assim que saí do salão, enviei um áudio para o meu namorado contando que passaria lá para ver as novidades”, disse ao BHAZ.
Janaína entrou na drogaria carregando somente o celular e a sacola com os batons. No local, além de pesquisar os preços, decidiu comprar uma pinça, dois esmaltes e um chocolate. Porém, ao passar pelo caixa e efetuar o pagamento, foi surpreendida por duas atendentes e um fiscal que a abordaram na saída da loja.
“Os três estavam me esperando na porta. Cumprimentei com um ‘boa tarde’, achando que era apenas por educação”, contou. “Um dos rapazes então me perguntou o que eu levava na sacolinha. Mostrei e disse que eram dois batons. Logo depois, uma funcionária, não satisfeita, solicitou que eu os retirasse da sacola. Tirei, mostrei e ainda perguntei se a loja vendia Avon. Ela chegou a olhar e, com deboche, respondeu que os produtos eram da Natura — e que ali não vendiam”, relatou.
Janaína contou ainda que, apesar de ter sido liberada, em nenhum momento recebeu um pedido de desculpas ou qualquer explicação sobre a abordagem. “Saí de lá completamente desestabilizada, sem conseguir pensar em mais nada. Como era perto da minha casa, fui direto para lá e mal consegui abrir o portão. Assim que entrei, comecei a chorar — foi quando a ficha caiu sobre o que tinha acabado de acontecer”, relatou. Ela contou o caso, por meio das redes sociais.
Veja o vídeo:
@janafzzz @Drogaria Araujo ♬ som original – Janaina Fernandes
O que a drogaria Araujo diz
No mesmo dia, a atendente de locação foi até a Delegacia Especializada em Repressão a Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias (DEPEM) para registrar o caso. Porém, como o local estava em período de plantão, ela poderia demorar a ser atendida, foi orientada a voltar na segunda-feira (26). O BHAZ entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Em nota ao BHAZ, a Drogaria Araujo informou que “tomou conhecimento do ocorrido e, desde então, tenta contato com a cliente para esclarecimentos e suporte necessários”.
Janaína explicou que a empresa tentou contato ao comentar no vídeo publicado nas redes sociais e por meio de mensagem direta no Instagram. “Não respondi porque não quero meias-desculpas ou cupom de desconto. Nada repara a dor que senti, a humilhação e constrangimento”, finalizou.
O post VÍDEO: Atendente de locação afirma que foi vítima de racismo em drogaria de BH apareceu primeiro em BHAZ.