Festival de teatro traz espetáculos infantis para Salvador

O teatro é um estímulo para a criatividade e a fantasia. É o que acredita a estudante baiana Sofia Helena, de 13 anos. Ela é uma das curadoras mirins do Petiz, festival de arte para infância e juventude, que será realizado entre os dias 30 de maio a 8 de junho, em Salvador. O evento, que está na quinta edição, celebra o protagonismo infantil por meio de diversos espetáculos em espaços culturais da capital baiana.Para a psicóloga, produtora cultural e uma das idealizadoras do Petiz, Renata Berenstein, é fundamental contar com um time de jovens na escolha da aprovação da programação. “Se o evento atinge as crianças, elas também precisam pensar com a gente”, afirma. Com o tema “Crescendo Juntos: a criança e o jovem como agentes para a transformação social”, a edição terá shows, contações de história, feira de brinquedos, seminários e oficinas para a infância e a juventude.Um dos homenageados deste ano é o Projeto Axé, organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 1990. “É um excelente exemplo de protagonismo dos jovens”, opina a idealizadora do Petiz. A apresentação de dança infantojuventil O menino debaixo da palha foi uma das atrações escolhidas pela curadoria mirim formada por 13 crianças e adolescentes, ao lado de artistas e educadores.O espetáculo, dirigido pelo artista e educador Brunno de Jesus, é uma homenagem aos 35 anos do Projeto Axé, do qual também é coreógrafo. A montagem narra a trajetória do orixá Obaluaê, abandonado à beira-mar com o corpo coberto de feridas, acolhido por Iemanjá e vestido com palhas por Ogum. Durante uma festa com os orixás, Iansã sopra suas vestes e revela sua verdadeira forma, momento em que suas feridas se transformam em uma chuva de pipocas – símbolo de cura e transformação associado a Obaluaê.Para Brunno, a peça nasce de uma inquietação: como falar sobre racismo com crianças e adolescentes sem perder a profundidade? A resposta veio da própria cultura afro-brasileira. “Ao olhar para jovens negros do projeto, percebi que é possível pensar em autovalorização a partir da história do Candomblé”, diz. “Muitos dos meninos que estão em cena também têm as suas questões, assim como Obaluaê, um menino negro que conseguiu se tornar o rei do Sol”.

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Festival terá intérprete de LibrasA mediação cultural, pensada como vértebra do festival Petiz, possibilita, de acordo com Renata, que escolas públicas e projetos sociais acessem gratuitamente a programação. O trabalho sensibiliza e transforma não só o olhar das crianças, mas também de professores e educadores. “É um desafio enorme produzir um evento cultural para as infâncias”, admite a produtora.Outra tarefa importante para esta edição foi a acessibilidade de pessoas com deficiência. O projeto de inclusão foi pensado desde o início para a recepção deste grupo e contou com o planejamento de uma equipe especializada, com formações voltadas à acessibilidade cultural e o recebimento do público com necessidades específicas.O Petiz vai contar com tradutores e intérpretes de Libras, audiodescrição integrada e monitoria para crianças neurodivergentes. A coordenadora de acessibilidade do festival, Jurema Iris, diz que garantir o acesso é também assegurar o direito à arte. “Salvador está sempre fervendo de opções culturais e as pessoas com deficiência estão ávidas por isso”, comenta.A dimensão formativa do festival também se expressa nos seminários e oficinas que dialogam com artistas, educadores e pesquisadores. São espaços para pensar o presente e o futuro da arte voltada para a infância e juventude. Segundo Renata, a cada edição há uma renovação de público e crianças que já participaram de anos anteriores, retornam como adolescentes com novos olhares. “É um festival que cresce junto com sua plateia que se permite ser transformado por ela”, diz.Para Brunno, o Petiz possui uma abordagem única e particular. “Existem poucos eventos que realmente pensam a infância como protagonista”, pontua. “Neste festival, são as crianças que decidem o que querem ver, o que faz sentido para elas. Isso é inédito e essencial”. Para Renata, o evento, que acontece a cada dois anos, se tornou referência na articulação entre arte, infância e direitos. Ela projeta passos cada vez maiores para o projeto. “O sonho é que a gente cresça junto com a plateia. Mas o maior desejo já é real: firmar o festival com uma programação contínua, próxima ao público e que cria memórias”, almeja.5ª edição do Petiz – Festival de Arte para Infância e JuventudeQuando: De 30 de maio a 8 de junhoLocais: Teatro SESC SENAC Pelourinho (Largo do Pelourinho, 19 – Pelourinho, Salvador), Teatro Gregório de Mattos (Praça Castro Alves, s/n – Centro, Salvador), Sala do Coro do Teatro Castro Alves (Praça Dois de Julho, s/n – Campo Grande, Salvador), Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (MUNCAB, Rua das Vassouras, 25 – Centro Histórico, Salvador) e Espaço Xisto Bahia (Rua Gen. Labatut, 27 – Barris, Salvador).Atividades gratuitas e espetáculos a preços populares: R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira)Espetáculo: O Menino Debaixo da Palha (Projeto Axé)O que é: Obra de dança infantojuvenil, com música ao vivo, que narra a jornada de Obaluaê — menino negro e ferido acolhido pelos orixás.Dia: 30 de maio (sexta-feira)Horário: 15h30Local: Teatro Sesc Pelourinho (Largo do Pelourinho, 19 – Pelourinho, Salvador).Acessibilidade: LibrasConfira a programação completa através do perfil no Instagram @festivalpetiz e no site www.festivalpetiz.com.br

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