A inadimplência no sistema de crédito brasileiro cresceu 0,3 ponto percentual em abril, alcançando 3,5 % da carteira total, segundo o Relatório de Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgado nesta quinta-feira (data do relatório). O avanço ocorre em meio ao debate no Congresso sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que tende a encarecer ainda mais o custo do dinheiro para famílias e empresas.
Números detalhados
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Atrasos acima de 90 dias: 3,5 % da carteira total
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Operações com recursos livres: inadimplência subiu a 4,8 %
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Evolução em 12 meses: recuo para empresas, avanço para pessoas físicas
Nos contratos com recursos direcionados, o indicador permaneceu estável em 1,2 %, refletindo a menor participação de crédito subsidiado no mercado.
Famílias x empresas
O relatório mostra que o agravamento da inadimplência se concentrou nas famílias, pressionadas por renda real estagnada e aumento na taxa média de juros. Já entre as empresas houve leve melhora, impulsionada pela recuperação do faturamento em alguns setores exportadores.
Efeito IOF e custo do crédito
Economistas afirmam que o impasse sobre o IOF pode agravar o quadro de inadimplência. Para o deputado Hugo Mota (Republicanos-PB), que lidera as negociações, “o país está cansado de aumento de impostos” e precisa de “um modelo fiscal sustentável que não sufoque o consumidor”. Ele concedeu ao governo prazo de dez dias para apresentar uma alternativa que alivie a carga tributária.
Repercussão no mercado
O Ibovespa operou em leve queda de 0,2 %, aos 138 mil pontos, enquanto o dólar recuou 0,5 %, cotado a R$ 5,65, diante da trégua no mercado internacional após decisão da Suprema Corte dos EUA contra tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump. A sinalização reforçou o apetite ao risco lá fora, mas o tema IOF ainda limita o otimismo local.
Contexto internacional
Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reuniu-se com Trump a convite do republicano. Segundo comunicado do banco central norte-americano, Powell reiterou que decisões de política monetária continuarão “dependentes dos dados”, apesar de pressões políticas por cortes de juros.
O que esperar
Especialistas avaliam que, caso o IOF não seja revertido, o crédito deve ficar ainda mais caro, elevando o risco de novos aumentos na inadimplência já no segundo semestre. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) projeta que cada ponto percentual adicional de IOF pode elevar em até 0,15 ponto a taxa média de juros ao consumidor.
“A combinação de juros altos, IOF maior e renda comprimida cria o cenário perfeito para descontrole financeiro das famílias”, afirma Ana Costa, economista-chefe da RPS Capital.
Com o indicador de atrasos em alta e o debate fiscal em aberto, o Banco Central deve manter o tom cauteloso nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). A autoridade monetária monitora não apenas o impacto sobre a inflação, mas também a estabilidade do sistema financeiro, cada vez mais sensível ao risco de crédito.
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