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Honorato, além de conselheiro, foi boleiro — daqueles que encantavam quando ainda era garoto, dominando não só a bola, mas a atenção de todos ao redor. “Ele é um ser humano iluminado, que todo mundo gosta”, disse Carlão, traduzindo o sentimento coletivo com um apelido afetuoso: “possileiro”. “Sempre que pedimos algo, ele responde: ‘Carlão, eu quero ajudar’. Perde o Tribunal, mas ganha a história. E sua gestão será lembrada como uma das mais humanas e extraordinárias que já vimos aqui dentro”.
| Foto: Divulgação | TCE/BA
Com a voz embargada e o carisma de sempre, Honorato agradeceu. Não com formalidades frias, mas com alma. Fez questão de dizer que recebeu mais do que deu. Que viveu intensamente seus 25 anos na Casa. E que, sim, vai sentir falta. “Você começa a sentir saudade daquilo que gosta”, confessou, arrancando risos ao dizer que, se soubesse compor, faria um samba a lá Chico Buarque ou um gol de bicicleta. Não precisou de nenhum dos dois para comover: bastou sua entrega, seu olhar, sua história. E finalizou: “Continuarei torcendo pelo Tribunal. Dentro ou fora de campo, sou torcedor de todos vocês. Obrigado por essa gigantesca homenagem feita por quem constrói esse Tribunal campeão”.Exemplo de humildade e amizadeO conselheiro Gildásio Penedo Filho traduziu o sentimento que muitos tentavam expressar. “Honorato nunca se deixou contaminar pelo poder. O maior exemplo do que é Honorato está no seu desejo natural de ajudar. Ele é a humildade em pessoa. Um homem do interior que virou referência e não perdeu a essência”.Mais do que elogiar, Gildásio tocou na dor de quem vê uma liderança autêntica se despedindo. “Mesmo com palavras curtas, ele sempre tocou nossos corações. Sua presença sempre foi um norte silencioso, mas decisivo nas grandes decisões desta Casa”.O camisa 10 do Tribunal de ContasJá o conselheiro Inaldo da Paixão foi direto: “Honorato é o camisa 10 do Tribunal de Contas”. Para ele, não se trata de metáfora vazia. É reconhecimento de quem viu de perto o talento raro de liderar com verdade, empatia e coragem. “Vi Honorato dizer ‘não’ com firmeza, mas com tanto respeito que as pessoas saíam satisfeitas. Ele é humano, honesto, leal. Plantou no Tribunal algo raro: o dom de unir. Foi, é e será sempre um grande conselheiro”.Ao final, emocionado, Inaldo recordou um conselho que jamais esquecerá: “Nos momentos difíceis, ele me disse: ‘Se você está com a verdade, siga em frente’. Sou eternamente grato por sua amizade e sabedoria”.
| Foto: Divulgação | TCE/BA
Trajetória ao lado de HonoratoPor último, o presidente do TCE/BA, conselheiro Marcus Presidio, fez o discurso mais emocional da manhã. Falou como colega, como servidor e, acima de tudo, como amigo. “Não é fácil falar de você, Honorato”, confessou.Contou que sua carreira começou pelas mãos do homenageado, em 1997, e que ali aprendeu o que não está nos manuais: dignidade, respeito, ética. “Ele trata a todos com o mesmo carinho — do garçom ao alto escalão. Isso é autoridade legítima. Isso é legado vivo”.Relembrou um momento de luto, após a morte do deputado Luiz Eduardo Magalhães, quando ouviu da esposa de Honorato: “Ficamos órfãos”. E respondeu: “Espero que pare por aí, porque não quero perder você, Honorato”. E encerrou com uma declaração que arrancou lágrimas: “Você é motivo de orgulho para todos nós. Não nos abandone. Eu te amo, cara”.Uma despedida entre gols, risadas e abraçosO torneio, que transcendeu a competição, foi um momento de confraternização entre colegas que caminharam ao lado de Honorato. Entre risadas, abraços e lembranças, o campo selou com alegria uma despedida que, embora formal, não marca o fim de um legado. Após os discursos, jogadores e público aplaudiram com entusiasmo esse verdadeiro campeão dentro e fora do TCE.