Prefeitura de Natal é condenada a pagar indenização de R$ 200 mil por danos morais em caso de assédio eleitoral


Ação aberta pelo Ministério Público do Trabalho após constatação de assédio eleitoral envolvendo órgãos municipais no pleito de 2024. Palácio Felipe Camarão, sede da Prefeitura de Natal
Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
A Justiça do Trabalho do Rio Grande do Norte determinou que a Prefeitura de Natal pague indenização por danos morais coletivos pela prática de assédio eleitoral nas eleições de 2024. O município deverá repassar R$ 200 mil ao Fundo de Amparo ao Trabalhador.
A ação tramita na 10ª Vara do Trabalho (TRT21) e foi aberta pelo Ministério Público do Trabalho após uma investigação que constatou uma série de atos ilegais envolvendo a coação de trabalhadores a votar em um candidato à Prefeitura de Natal, sob ameaça de demissão ou outras formas de retaliações.
📳Participe do canal do g1 RN no WhatsApp
Segundo a denúncia, a prática de assédio eleitoral envolveu vários órgãos municipais, como a Secretaria de Educação, Secretaria de Saúde e Arsban – Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município de Natal.
Em sua defesa, o município argumentou que os atos investigados foram praticados por agentes públicos em interesse próprio e sem anuência do Poder Público Municipal.
No entanto, na sentença, a juíza Syméia da Rocha concordou com os argumentos do MPT-RN ao registrar que “a renomeação de servidor exonerado por práticas de assédio eleitoral, além de afastar a alegação de autonomia, demonstra a anuência da administração municipal”.
Procurada, a Prefeitura de Natal não se manifestou sobre a decisão até a última atualização desta reportagem.
LEIA MAIS
Justiça proíbe assédio eleitoral em órgãos e secretarias da prefeitura de Natal após denúncias de servidores
Diretor de órgão da prefeitura de Natal é exonerado após denúncia de assédio eleitoral
Diretor de órgão da prefeitura de Natal exonerado após denúncia de assédio eleitoral é renomeado para cargo
“Nossa preocupação é que seja garantido o direito de liberdade de voto e de livre manifestação aos trabalhadores, em qualquer tipo de processo eleitoral”, afirmou o procurador Gleydson Gadelha após a nova decisão.
“A imposição do pagamento pelo município dos danos morais serve como exemplo para gestores de que não há espaço para o uso da máquina pública para pressionar trabalhadores, sejam servidores, comissionados ou terceirizados”, disse a procuradora Lilian Vilar.
A Justiça havia proferido uma decisão liminar favorável ao pedido do MPT, em outubro de 2024, que determinava o cumprimento de diversos itens para assegurar o exercício livre do voto e acabar tipo de assédio por parte dos gestores municipais no período das eleições em Natal.
A decisão, que ainda cabe recurso, foi publicada em 26 de maio.
Justiça tem nova ferramenta para agilizar julgamento de processo de assédio eleitoral
Prefeito, ex-prefeito e vice denunciados
Além da ação na Justiça do Trabalho, o uso indevido da máquina pública municipal nas eleições de 2024 é investigado em uma ação aberta na Justiça comum, em fevereiro, pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte.
O órgão denunciou o prefeito de Natal, Paulinho Freire (União Brasil), a vice Joanna Guerra, o ex-prefeito Álvaro Dias e os vereadores Daniel Rendall e Irapoã Nóbrega (todos estes do Republicanos) por abuso de poder político.
A ação pede a cassação dos diplomas do atual prefeito, da vice-prefeita e dos vereadores eleitos, além de inelegibilidade de todos e do ex-prefeito pelo período de oito anos.
Os citados disseram que não há provas ou indícios do cometimento de ilegalidades no processo. Veja o posicionamento de todos eles aqui.
Listas de presenças em eventos políticos assinadas por servidores terceirizados, áudios de whatsapp ou até mesmo gravados em reuniões, demissões de trabalhadores e depoimentos de testemunhas foram usados como provas.
O Ministério Público também apresentou à Justiça documentos apreendidos na sede do partido Republicanos, que comprovariam a prestação de serviços públicos e contratação de pessoas para as secretarias municipais de acordo com interesse eleitoral.
Na denúncia, o MP aponta indícios de que servidores comissionados e terceirizados foram cooptados para apoiar os candidatos a vereador Daniell Rendall e Irapoã Nóbrega, além do então candidato a prefeito, Paulinho Freire, e da candidata a vice-prefeita, Joanna de Oliveira Guerra.
Veja os vídeos mais assistidos no g1 RN
Adicionar aos favoritos o Link permanente.