MASP exibe mostra sobre Vídeo nas Aldeias e destaca cinema indígena

Vincent Carelli e Rita Carelli (Vídeo nas Aldeias), Yaõkwa - Imagem e Memória, 2020. (frame do vídeo)

De 13 de junho a 10 de agosto de 2025, o MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta a exposição “Sala de Vídeo: Vídeo nas Aldeias”. A mostra integra a programação anual do museu dedicada ao tema Histórias da ecologia. Com curadoria de Isabela Ferreira Loures, a exibição traz ao público três filmes que expressam diferentes visões indígenas sobre natureza, memória e espiritualidade.

A arte indígena como meio de existência

Os filmes em exibição são: “Amne Adji Papere Mba – Carta Kisêdjê para o RIO+20” (2012), de Kamikia Kisêdjê; “Bicicletas de Nhanderú” (2011), de Ariel Duarte Ortega Kuaray Poty e Patrícia Ferreira Pará Yxapy; e “Yaõkwa – Imagem e Memória” (2020), de Vincent e Rita Carelli.

Cada obra revela cosmologias indígenas em que o meio ambiente não é apenas recurso, mas um campo vivo de relações espirituais e existenciais. Como destaca a curadora: “Esses filmes revelam uma maneira diferente de se relacionar com o mundo. Para essas comunidades, o meio ambiente é o próprio meio de vida.”

Cinema como ferramenta de resistência e memória

O projeto Vídeo nas Aldeias foi idealizado em 1986 por Vincent Carelli, antropólogo e documentarista franco-brasileiro. Inicialmente, a proposta era registrar comunidades indígenas e exibir essas imagens para os próprios povos. Com o tempo, transformou-se em um importante programa de formação de cineastas indígenas no Brasil, oferecendo oficinas, suporte técnico e equipamentos.

Os filmes selecionados na mostra resultam desse processo colaborativo, destacando-se pela autoria indígena e pela força narrativa.

Vincent Carelli e Rita Carelli (Vídeo nas Aldeias), Yaõkwa - Imagem e Memória, 2020. (frame do vídeo)
Vincent Carelli e Rita Carelli (Vídeo nas Aldeias), Yaõkwa – Imagem e Memória, 2020. (frame do vídeo)

Filmes que compõem a mostra

“Amne Adji Papere Mba – Carta Kisêdjê para o RIO+20” é um vídeo-manifesto das mulheres Kisêdjê. A obra denuncia o desmatamento e a poluição dos rios, causados pela construção da usina de Belo Monte, no Xingu. Produzido em 2012, foi uma mensagem direta do povo Kisêdjê para a conferência Rio+20, com depoimentos contundentes das mulheres da aldeia.

“Bicicletas de Nhanderú” (2011) oferece uma imersão no cotidiano dos Mbya-Guarani da aldeia Koenju. Dirigido por Ariel Duarte Ortega Kuaray Poty e Patrícia Ferreira Pará Yxapy, o filme evidencia a espiritualidade como parte essencial da relação simbiótica entre o povo e a floresta.

“Yaõkwa – Imagem e Memória” (2020) acompanha o retorno de Vincent e Rita Carelli à comunidade Enawenê Nawê, no Mato Grosso. O filme documenta a devolução das imagens filmadas durante 15 anos pelo projeto Vídeo nas Aldeias. Esses registros eternizam o Yaõkwa, o ritual mais longo da comunidade, no qual cantos são entoados durante sete meses para equilibrar o mundo terreno e espiritual.

Uma nova visão sobre a ecologia

A mostra propõe uma reflexão sobre ecologias não ocidentais. Mais do que preservar o meio ambiente, os filmes revelam modos de vida onde a natureza é entendida como uma extensão da própria existência. Assim, a exposição evidencia a potência do cinema indígena como meio de resistência cultural, fortalecimento da memória e expressão artística.

Serviço
SALA DE VÍDEO: VÍDEO NAS ALDEIAS
Curadoria: Isabela Ferreira Loures
Período: 13 de junho a 10 de agosto de 2025
Local: 2º subsolo, Edifício Lina Bo Bardi — MASP
Endereço: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo, SP
Agendamento obrigatório: masp.org.br/ingressos

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