A sinalização de um possível avanço nas negociações entre Estados Unidos e China reacendeu o otimismo nos mercados nesta quarta-feira (5), após a confirmação de que os presidentes Donald Trump e Xi Jinping retomaram o diálogo por telefone. A notícia provocou uma queda imediata no dólar — que recuou quase 1% e passou a ser negociado a R$ 5,58 — e trouxe estabilidade ao Ibovespa, que opera na faixa dos 137 mil pontos.
O telefonema entre os dois líderes reacendeu esperanças de que as duas maiores economias do mundo possam caminhar para um novo acordo tarifário, reduzindo as tensões que há anos impactam o comércio internacional. Em coletiva, Trump afirmou que o relacionamento entre os dois países “está em boa forma” e que espera encontros presenciais com autoridades chinesas em breve.
Reação no Brasil: Lula critica postura dos EUA e reforça diálogo com a União Europeia
Do outro lado do Atlântico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou sua visita oficial à França para se posicionar contra a escalada tarifária promovida pelos Estados Unidos. Em declaração conjunta ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, Lula afirmou que “querer taxar todos os países como se fosse dono do comércio mundial é demais”.
O líder brasileiro também defendeu mais diálogo e menos bravatas nas relações comerciais e climáticas globais. Segundo ele, a cooperação internacional deve prevalecer sobre medidas unilaterais que afetam economias emergentes. Lula ainda declarou que pretende concluir o acordo entre Mercosul e União Europeia até o segundo semestre de 2025, movimento visto como uma tentativa de reforçar parcerias estratégicas diante do protecionismo americano.
Aço e alumínio: nova tarifa dos EUA atinge em cheio exportações brasileiras
Enquanto negociações ocorrem nos bastidores, medidas concretas já estão em vigor. O governo norte-americano iniciou, nesta semana, a aplicação de tarifas de 50% sobre todas as importações de aço e alumínio. A medida atinge diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de aço aos Estados Unidos.
O impacto preocupa o setor siderúrgico nacional, que teme uma retração nas exportações e aumento da ociosidade das usinas. A nova rodada de tarifas surge no momento em que a economia global ainda lida com os efeitos da desaceleração pós-pandemia e da alta dos juros em países desenvolvidos.
FMI alerta: guerra comercial pode ser mais prejudicial que pandemia
Em entrevista ao Financial Times, a primeira vice-diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, afirmou que os efeitos de uma guerra comercial ampla podem ser mais difíceis de mitigar do que os da própria pandemia de COVID-19.
Segundo ela, as tarifas criam incertezas que comprometem a previsibilidade da política monetária, especialmente em países emergentes. Ao contrário da pandemia, que permitiu respostas rápidas com corte de juros e estímulos fiscais, o cenário atual exige maior cautela dos bancos centrais, que enfrentam inflação persistente e crescimento fraco.
Ibovespa oscila e investidores monitoram cenário global
Apesar do alívio momentâneo com a reabertura de diálogo entre Trump e Xi, o Ibovespa segue com variações tímidas. A combinação de incertezas externas — como as tarifas americanas — e fatores internos, como o debate fiscal e a política de juros no Brasil, mantém os investidores em compasso de espera.
Ainda assim, a melhora no humor global traz algum fôlego para ativos brasileiros, especialmente após dados dos EUA mostrarem aumento nos pedidos de seguro-desemprego, sinalizando possível desaquecimento da economia norte-americana. Isso reforça a expectativa de um ciclo menos agressivo de aperto monetário por lá, o que pode beneficiar países emergentes.
Diplomacia e prudência moldam os próximos passos
Enquanto o cenário internacional segue marcado por incertezas e disputas comerciais, o Brasil tenta posicionar-se como interlocutor moderado, buscando acordos multilaterais e defendendo o equilíbrio nas relações globais. A postura adotada por Lula, aliada ao apoio da União Europeia, sinaliza uma estratégia de inserção internacional menos dependente dos Estados Unidos.
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