| Foto: Divulgação | Tom Lima
Criada pelo músico português João Lucas, a trilha sonora dá ainda mais singularidade à proposta com o isolamento da voz de Elis – dona de clássicos como Arrastão, O Bêbado e o Equilibrista, Madalena e Como Nossos Pais –, em uma faixa inédita, criada especialmente para o espetáculo.“João isolou a voz de Elis e criou músicas totalmente novas, usando, da música original, só a voz dela. Essa nova sonoridade enfatiza a dramaturgia do espetáculo de forma precisa com o que surgiu no processo criativo”, informa Pizarro.Cabaré, Sinal Fechado, As Curvas da Estrada de Santos, Ladeira da Preguiça, Dois pra Lá, Dois pra Cá, Maria, Maria, Nada Será Como Antes, Arrastão e Fascinação – todas consagradas na voz de Elis – foram as canções utilizadas por João Lucas.Elis Regina renasce em movimento
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Segundo a paraense Cleani Calazans, 47, uma das dançarinas do grupo, o espetáculo quer emocionar o público fazendo com que esta experiência seja sentida no corpo, além de reafirmar o legado poético deixado por Elis Regina.“Inspirado pela sonoridade da voz da artista e pela potência icônica do seu posicionamento como mulher e artista durante a ditadura, o espetáculo busca criar uma experiência sensorial e intensa”, delineia Calazans.Outro componente do elenco, o bailarino Guilherme Victor lembra que o espetáculo não é uma autobiografia. “O propósito é mesmo homenagear toda a trajetória da obra da Elis não só enquanto cantora, mas também enquanto corpo político, sensível, histórico. Tudo que ela fez na vida é de grande relevância”.“Cada corpo em cena traz suas vivências, histórias, seus atravessamentos com a música dela. Por isso, é uma homenagem sim, mas também é uma investigação artística sobre memória, identidade e o corpo como lugar de pensamento”, arremata Guilherme Victor.No roteiro desenvolvido por Diego Pizarro, Sabrina Cunha e Victória Ponte de Oliveira, os dançarinos não têm necessariamente um personagem.“Na realidade, são múltiplos personagens em cena, porque a gente está o tempo todo mudando de estado. Então, a cada piscar de olhos surge um personagem diferente, mas esse personagem é passageiro. Ele é só um fragmento de um estado maior, de uma presença que se instala através do sentido e da memória”, detalha Victor.
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As lembranças de Elis Regina na vida de Cleani são de uma artista de voz muito potente e expressiva. “O que mais me chama atenção é a forma como ela interpretava as músicas, sempre parecendo sentir no corpo todo as emoções e a intensidade das letras e da parte instrumental. É essa capacidade de transmitir emoção e intensidade que me inspira e me faz admirar sua arte”.Guilherme compartilha com Cleani o mesmo amor pela Pimentinha.“Elis Regina, hoje, para mim, é um presente para o meu amor-próprio. É encarar as minhas dores, as minhas sombras, acolhê-las e transformá-las em amor-próprio”, finaliza o dançarino.Relembre a trajetória de Elis ReginaConhecida e louvada por sua voz potente e pela interpretação intensa que dava às canções, Elis despontou nacionalmente nos anos 1960 e ficou marcada por conseguir unir técnica vocal com extrema afinação e expressividade emocional.Ela lançou grandes compositores nacionais, como Belchior e João Bosco, além de gravar ícones da MPB como Tom Jobim, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Ivan Lins, Rita Lee e Chico Buarque.Após Salvador, Corpos Estelares e Falsos Brilhantes segue em turnê – entre julho e agosto – por outras cidades brasileiras, como Belém (PA), Uberlândia (MG) e São Paulo (SP). O projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.Corpos estelares e falsos brilhantes / 13 e 14 de junho / 20h / Goethe Institut (Corredor da Vitória) / Gratuito