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Problemas com o MounjaroO sucesso e o boca a boca em torno do Mounjaro trouxeram também uma série de problemas, que incluem a indicação do remédio para pessoas que não precisam, contrabando e falsificação das canetas. Com a fabricação no Brasil, as apreensões nos aeroportos devem diminuir. Até porque, sem as taxas de importação, ficou mais barato comprar por aqui. A menor dose, de 2,5 mg, está custando em torno de R$ 1,6 mil – até março os valores beiravam R$ 2,5 mil.A movimentação no mercado também fez o preço do Ozempic e do Wegovy diminuir em até R$ 200 a dose, como anunciou o laboratório Novo Nordisk no começo do mês. A doutora Aline Feitosa só não tem esperança que estas novidades contenham os abusos que acontecem em clínicas e consultórios médicos. Ela alerta que estes medicamentos não devem ser prescritos para quem quer perder poucos quilos e que todos apresentam efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e diarréias.“Já recebemos pacientes com quadros graves de vômitos persistentes, semi obstrução intestinal, refluxo e até desidratação”, afirma a médica, reforçando que a indicação deles é para tratar o diabetes ou a chamada obesidade clínica: ou seja, pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30, circunferência abdominal maior que 94 cm (homens) e 80 cm (mulheres). Ou pessoas com IMC a partir de 27, mas que tenham comorbidades.A venda do Mounjaro está sendo feita com a retenção da receita nas farmácias, o que a endocrinologista avalia como necessário, para manter o acompanhamento do tratamento e avaliação dos resultados e dos efeitos colaterais. A aplicação é semanal, no mesmo dia e horário, começa com a dose de 2,5 mg e vai, progressivamente, até 15 mg, de acordo com a avaliação médica. Por enquanto, as apresentações de 7 e 15 mg ainda não estão sendo produzidas no Brasil.Experiências com o Mounjaro
Aline Feitosa celebrou chegada do medicamento
| Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
Ainda inacessível para muita gente, o Mounjaro e as outras canetas só agora começam a entrar no horizonte de pessoas que realmente necessitam delas. No perfil do Instagram Mounjaro e Eu, criado para compartilhar experiências de diferentes usuários, é possível acompanhar relatos de pessoas que tiram dúvidas e se apoiam mutuamente.A administradora do perfil, que começou o tratamento em fevereiro com 108 quilos, está na 19 a semana de uso, com uma perda de 19 quilos. Ela destaca os altos e baixos, mas reforça a necessidade de acompanhamento médico regular com a endocrinologista e mudanças no estilo de vida: “Nem sempre é linear. Nem sempre é rápido. Mas com paciência, acompanhamento e dedicação, sei que os resultados vão continuar a aparecer”.Governo avalia incluir semaglutida no rol de medicamentos do SUSNo mesmo dia em que a Anvisa aprovou a substância para o tratamento da obesidade, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Unico de Saúde (Conitec) abriu uma consulta pública para receber opiniões da população a respeito da inclusão da semaglutida no rol de medicamentos do SUS.A classe médica e a sociedade civil podem se manifestar sobre o tema até o dia 30 de junho. A consulta faz parte da avaliação da prescrição do Wegovy 2,4 mg para pacientes com obesidade, com mais de 45 anos e com histórico de doença cardiovascular. Depois, as contribuições vão ajudar a embasar um parecer da comissão, recomendando ou não que o medicamento seja incorporado ao SUS.A avaliação da Conitec foi solicitada pela farmacêutica Novo Nordisk, que em maio já tinha recebido uma resposta negativa do governo, devido aos custos elevados para a compra do medicamento, avaliados em até R$ 7 bilhões em cinco anos. Mas a empresa argumenta que a adoção do medicamento pode reduzir custos de tratamento de doenças crônicas associadas à obesidade.No ano que vem, a patente da semaglutida vai expirar no Brasil, o que fará com que a concorrência aumente e medicamentos genéricos possam ser vendidos a preços mais baratos, iniciado uma nova fase para milhões de pessoas.