O governo brasileiro editou uma Medida Provisória que propõe uma ampla reformulação na tributação dos investimentos a partir de 2026. As mudanças impactam praticamente todas as classes de ativos: renda fixa, fundos imobiliários, ações, criptomoedas e até investimentos no exterior.
O cenário ainda não está definido, pois a medida precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias. Mas, se aprovada, pode alterar de forma significativa a rentabilidade líquida dos investidores, exigindo novas estratégias.
Veja agora, em detalhes, tudo o que muda, quais investimentos serão mais impactados e como proteger seu patrimônio diante dessa nova realidade tributária.
Entenda o que está em jogo
A proposta do governo traz quatro cenários possíveis:
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A Medida Provisória não é analisada em 120 dias: perde a validade e nada muda.
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É aprovada integralmente: todas as mudanças entram em vigor em 2026.
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É rejeitada totalmente: nada muda.
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É aprovada com alterações: cenário mais provável, segundo especialistas.
Como fica a renda fixa
A renda fixa é um dos setores mais afetados.
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Antes: Alíquota regressiva entre 22,5% e 15% dependendo do prazo.
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Proposta: Alíquota única de 17,5%, independentemente do prazo.
Impacto:
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Prazos curtos: quem mantinha dinheiro por menos de 6 meses pode pagar menos IR.
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Prazos longos: quem investia por mais de 2 anos passa a pagar mais (de 15% para 17,5%).
Investimentos afetados:
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CDB, RDB, Tesouro Direto (Selic, Prefixado, IPCA+, Renda+)
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Contas remuneradas (Nubank, PicPay, Inter, etc.)
LCIs, LCAs e CRIs perdem a isenção
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Situação atual: Isentos de IR.
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Proposta: 5% de imposto sobre os rendimentos.
Afeta também:
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CRIs, CRAs e debêntures incentivadas (hoje isentas), que passariam a ter 5% de imposto.
Fundos de investimento
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Fundos de Renda Fixa e Multimercados:
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De alíquota regressiva para 17,5% fixa.
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Fim provável do come-cotas, algo ainda em discussão.
Fundos imobiliários e FI-Agros
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Dividendos mensais: de isentos para 5% de imposto.
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Ganho de capital: reduz de 20% para 17,5%, quando vende cotas com lucro.
Maior impacto:
No recebimento mensal dos dividendos, prejudicando investidores que vivem de renda passiva.
Ações e fundos de ações
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Dividendos: continuam isentos por enquanto, mas o governo sinaliza que pode propor tributação em breve.
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Juros sobre Capital Próprio (JCP): de 15% para 20%.
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Ganho de Capital (venda de ações):
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Operações comuns: sobe de 15% para 17,5%.
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Day Trade: cai de 20% para 17,5%.
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Isenção mensal de até R$ 20 mil será alterada para R$ 60 mil trimestral.
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Investimentos no exterior
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IOF em remessas: mantido em 1,1% (antes era 0,38%).
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IOF para contas bancárias no exterior: segue em 3,5% (aumento recente, antes era 1,1%).
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Ganho de capital: permanece em 15%.
₿ Tributação nas Criptomoedas
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Hoje: isenção em vendas de até R$ 35 mil/mês e IR de 15% a 22,5% acima disso.
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Proposta: alíquota única de 17,5%, sem isenção de valor.
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Staking e rendimentos de stablecoins: passam a pagar 17,5%.
Nada ficou de fora
A proposta atinge praticamente todos os ativos financeiros:
Ativo | Situação Atual | Proposta |
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CDB, Tesouro, etc. | 15% a 22,5% | 17,5% (única) |
LCI, LCA, CRI, CRA | Isentos | 5% |
FIIs e Fiagros | Dividendos isentos | Dividendos com 5% |
Ações (dividendos) | Isentos | Mantidos isentos (por ora) |
JCP | 15% | 20% |
Ganho em ações | 15% | 17,5% |
Criptomoedas | 15%-22,5% + isenção até 35k | 17,5% (sem isenção) |
Exterior (IOF) | 0,38% | 1,1% (investimento) / 3,5% (conta bancária) |
Diante desse cenário, fugir não é opção — não há ativo que escapou dos novos impostos.
Estratégia recomendada:
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Renda fixa: ainda essencial para reservas de emergência e objetivos de curto e médio prazo.
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Fundos imobiliários: apesar do IR sobre dividendos, continuam interessantes para renda passiva.
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Ações: seguem como pilar de crescimento e dividendos (enquanto não houver taxação).
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Exterior: cada vez mais relevante para diversificação e proteção cambial.
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Criptomoedas: boa proteção contra governos e inflação, especialmente com autocustódia.
Cuidados:
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Não tome decisões precipitadas.
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Ajuste sua carteira com foco em longo prazo e diversificação.
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Acompanhe o andamento da medida no Congresso.
Como proteger o seu dinheiro
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Dolarização: abra contas no exterior (como Nômade, Avenue ou C6 Global).
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Cripto com segurança: faça autocustódia sempre que possível.
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Diversificação: não concentre todo seu patrimônio no Brasil.
E agora? Vai passar?
O Congresso pode:
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Rejeitar a medida.
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Aprovar parcialmente (cenário mais provável).
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Aprovar integralmente.
A pressão popular será decisiva. Se você discorda, cobre seu deputado e senador.
Seja com mais ou menos impostos, parar de investir não é uma opção. Construir patrimônio, garantir sua aposentadoria e buscar liberdade financeira seguem sendo prioridades — agora, com mais estratégia.
O post Novos impostos nos investimentos: entenda tudo o que vai mudar e onde investir agora apareceu primeiro em O Petróleo.