
Sob pressão de alas opostas do Partido Republicano, presidente americano hesita em envolver-se no confronto para apoiar o país aliado. Presidente Donald Trump acena para repórteres na Casa Branca em 15 de junho de 2025
REUTERS/Ken Cedeno
A pergunta persistente que reverbera no quarto dia de guerra entre Israel e Irã é: qual será o papel de Donald Trump no confronto? Os EUA vão se envolver, enviando bombardeiros para ajudar Israel a desmantelar o programa nuclear iraniano ou manterão a sua posição, atuando apenas no suporte ao sistema defensivo israelense?
O presidente americano vem sendo pressionado por alas divergentes do Partido Republicano e tem enviado sinais contraditórios sobre a opção a tomar. Logo após o primeiro ataque ao Irã, na noite de quinta-feira, seu governo fez questão de ressaltar, por meio de um comunicado do secretário de Estado, Marco Rubio, que Israel agiu unilateralmente, sem a participação dos EUA.
Mas Trump assegurou que soube antecipadamente do ataque e ainda tentou levar crédito por isso: “Não foi um aviso. Foi: sabemos o que está acontecendo.” Enquanto Israel preparava há meses a ofensiva militar ao Irã, os EUA tentavam um acordo com a República Islâmica para pôr fim ao programa nuclear — missão a que o próprio presidente revelou estar pessimista após várias rodadas de negociações.
O ataque às instalações nucleares e a morte de comandantes e cientistas nucleares importantes, incluindo o chefe iraniano nas negociações, puseram pá de cal na possibilidade de um acordo. O Irã já avisou que não voltará a negociar enquanto estiver sob ataque.
Sob pressão de seus correligionários, Trump enfrenta o dilema entre apresentar-se como pacificador, mantendo-se distante do conflito, e não dar as costas ao país aliado.
Defensores da política externa pró-Israel respaldam a ofensiva israelense ao Irã e acham que os EUA deveriam dar apoio a ela. “Se isso significa fornecer bombas, forneça bombas. Se isso significa voar com Israel, voe com Israel”, afirmou o senador Lindsey Graham, da Carolina do Norte, para quem a esmagadora maioria dos republicanos apoia o uso da força militar por Israel para neutralizar a ameaça nuclear americana.
Não é bem assim. Isolacionista em suas raízes, a ala radical MAGA, que sustenta o presidente, quer os EUA fora de conflitos no exterior. Este é um dos dogmas propagados pela base radical do presidente, sobretudo na mídia blogueira de extrema direita.
“Qualquer um que esteja defendendo o envolvimento total dos EUA na guerra entre Israel e Irã não é America First/MAGA”, assegurou a deputada Marjorie Greene-Taylor, da Geórgia, uma das representantes do movimento.
A hesitação de Trump e o desejo desesperado para acabar com a guerra sem ter que entrar no conflito, se manifesta em sinais dúbios. Ele aposta que a ofensiva israelense traga o Irã combalido de volta às negociações e em condições de fazer concessões. Mas a chuva de mísseis iranianos sobre cidades israelenses e a prorrogação do confronto podem mudar os planos. Se perder a aposta, Trump se verá forçado a entrar na briga.