
Fofo, exageradamente doce e esquemático, novo filme que estreia nesta quinta-feira (19) é retrato de um estúdio sem ambição. A nova animação da Pixar, “Elio”, é fofa, bonitinha e até um tanto emocionante. É também exageradamente doce, previsível e esquemática demais – enfim, mais do mesmo de um estúdio que, depois de revolucionar o gênero há 30 anos, se acomodou no próprio domínio.
O filme que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19) tem todas as características marcantes dos criadores de clássicos como “Toy Story” (1995), “Monstros S.A.” (2001) e “Procurando Nemo” (2003):
história familiar e comovente;
visuais impecáveis;
personagens queridos com olhos grandes e formas arredondadas.
Falta, no entanto, a ambição criativa que levou o estúdio a liderar a transição da animação feita à mão para a computação gráfica que dominou o gênero nas últimas três décadas.
O grande público-alvo, as crianças, não deve se importar muito, é claro. Há cores e correria e aventura de sobra para os mais jovens se entreterem – mas é impossível imaginar que “Elio” se junte ao panteão já citado.
No fim do dia, tudo no filme já foi feito muito antes, e muito melhor.
Assista ao trailer de ‘Elio’
A fórmula Pixar
“Elio” conta a história do menino do título, um garoto obcecado por vida alienígena, e alienado dos demais humanos, que precisa enfrentar uma ameaça intergaláctica – e quem sabe fazer alguns amigos no processo.
Depois de um adiamento de mais de um ano para o lançamento e notícias de que a Disney não estava tão confiante, a animação até que surpreende positivamente. Longe de ser ruim, há momentos em que chega perto de emocionar, por mais que o faça sem qualquer sutileza.
O problema é que a sensação de “eu já vi isso antes” dá as caras no primeiro quadro, em um flashback do protagonista ainda mais novo, e nunca chega perto de ir embora.
Trinta anos depois de revolucionar as animações, a Pixar não consegue escapar da própria fórmula:
Abrir com um trauma familiar;
passar por um protagonista sonhador em uma jornada fantástica;
e terminar com um grande amadurecimento misturado com resignação.
O estúdio já foi ícone da inovação narrativa e tecnológica do gênero quando surgiu nos anos 1990. Há alguns anos, mesmo com sucessos gigantescos como o de “Divertida mente 2” (2024), a empresa parece mais um dinossauro – criatura grande e acomodada demais para perceber a chegada do meteoro.
Cena de ‘Elio’
Divulgação
g1