Trump impõe trégua tarifária de 90 dias, mas declara guerra comercial contra a China

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (9) uma reviravolta em sua política comercial ao decretar uma trégua tarifária de 90 dias para mais de 60 países incluindo a União Europeia , estabelecendo uma tarifa provisória de apenas 10%. No entanto, a pausa não inclui a China, que viu sua tarifa de exportação para os EUA saltar de 104% para impressionantes 125%, com efeito imediato.

A medida foi comunicada por Trump em sua rede social Truth Social, alegando que a China demonstrou “falta de respeito” aos mercados globais. “Os dias de exploração dos Estados Unidos não são mais aceitáveis”, afirmou. A decisão sinaliza um duplo movimento: enquanto Trump cede à pressão interna para aliviar os impactos negativos de sua política tarifária sobre a economia americana, ele simultaneamente radicaliza sua posição contra Pequim.

Trégua parcial, tensão com a China

A pausa de 90 dias nas tarifas mais pesadas atende aos apelos de mais de 75 países, que pressionaram Washington por meio de representantes comerciais e diplomáticos. Durante esse período, as tarifas base permanecerão em 10%, com a promessa de negociações multilaterais. A Casa Branca deve divulgar mais detalhes nas próximas horas.

A exceção à trégua é a China, que se tornou o principal alvo da estratégia “morde e assopra” de Trump. O presidente decidiu aumentar as tarifas sobre produtos chineses após uma escalada de retaliações mútuas. Na última semana, os EUA impuseram tarifas de 104% à China, que respondeu com uma alíquota de 84% sobre produtos americanos. O novo aumento para 125% amplia o conflito e pode gerar novas represálias de Pequim.

Pressão interna e risco de recessão

A decisão de suavizar temporariamente as tarifas para outros países ocorre em meio à crescente pressão interna. Bilionários como Elon Musk e executivos de grandes bancos como JP Morgan e BlackRock criticaram duramente as medidas, alertando para o risco de recessão global. Estima-se que os mercados tenham perdido mais de US$ 10 trilhões em valor em apenas três dias após o anúncio do “tarifaço”.

Até mesmo membros do núcleo duro de Trump manifestaram desconforto com a atuação do representante comercial americano, Peter Navarro, responsável por arquitetar a escalada tarifária. Fontes próximas ao governo afirmam que há forte divisão interna sobre como conduzir as relações comerciais globais.

União Europeia e outros países observam

A União Europeia, que havia retaliado com tarifas de até 25%, agora aguarda detalhes do recuo americano para definir sua resposta. O bloco europeu está entre os beneficiários da trégua, mas analistas alertam que o alívio pode ser temporário, caso as negociações não avancem em “termos favoráveis” aos EUA como exige Trump.

O cenário segue incerto. Apesar do tom mais conciliador com o resto do mundo, Trump reafirmou que as negociações seguirão firmes, e que não hesitará em retomar tarifas mais duras caso seus interesses não sejam atendidos. Com a China, o tom é de confronto aberto.

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